quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tiros em Newtown

A vida das crianças da Escola Elementar Sandy Hook em Connecticut nunca mais será a mesma após a tragédia envolvendo o assassinato de estudantes, funcionários e professores por um jovem que se dizia anarquista e comunista.
Na verdade, esse tipo de tragédia se repete na história norte-americana há muito tempo, mas apenas no ano de 1999, quando dois adolescentes dispararam tiros contra estudantes e professores no Instituto Columbine, no estado do Colorado que a mídia chamou atenção para esse fato.
O cineasta e diretor Michael Monroe produziu o premiado documentário Tiros em Columbine, no ano de 2002, apresentando alguns argumentos para o excesso de violência entre os jovens, um deles como resultado da permissividade sobre o uso de armas dentro da cultura dos Estados Unidos.
Enquanto o mundo assistiu chocado o ataque aparentemente sem  motivo, esqueceu de lembrar que desde a guerra pela independência das 13 colônias que a população dos Estados Unidos ganhou o direito de portar armas e que a mesma protesta com muita força contra a ideia de perder esse direito adquirido na época da luta contra os ingleses. A independência norte-americana foi reforçada pelo espírito de liberdade e auto-defesa e mesmo depois de tanto tempo, é nisso que sua população quer se apegar, enquanto mais crianças, adolescentes e adultos darão a sua vida em nome de um poder paralelo que cresce e lança seus tentáculos doentes e frios sobre aqueles que não esperavam a tempestade de balas. 
Essa é a hora para o Presidente Barack Obama mudar a lei de porte de armas e combater a onda de violência juvenil que toma conta de seu país há muito tempo, caso nada mude, ainda haverá muitos tiros em Newtown ou em qualquer outra cidade estadunidense. Não há ação terrorista maior do que essa.

http://muftah.org/mourning-my-neighbors-newtown-ct-and-the-terror-within/

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Reflexões históricas sobre a educação feminina


 Atualmente as mulheres lideram as estatísticas do grupo mais escolarizado do país, principalmente na zona urbana. Meu artigo tem por objetivo discutir como chegamos a esse nível e quanto ainda é necessário para que nos livremos das amarras impostas pelo patriarcalismo, machismo e preconceito. 

Retrato de Emma Hamilton. Joshua Reynolds.


A escolarização feminina passou a ser defendida a partir de seu engajamento político nas revoluções do século XVIII e no século seguinte, filósofos como Marx, Engels e Stuart Mill defendiam a educação da mulher patrocinada pelo Estado. No final do século XIX e começo do século XX, as mulheres começam a luta política pelos seus direitos trabalhistas e civis e iniciam um forte movimento que resultou na sua inserção no sistema educacional e no reposicionamento no mercado de trabalho, entretanto, ainda como uma cidadã de segunda classe.
 Podemos afirmar que a escola nova integrou definitivamente a mulher na escola e desde então, sua presença cresceu expressivamente, mas ainda presa a muitas amarras sociais.
No Brasil, a educação feminina no período colonial era reservada para as moças educadas nos conventos, não existindo qualquer tipo de educação formal voltada para as meninas. Apenas em 1808 são abertas as primeiras escolas leigas voltadas para educação das filhas da elite. Havia também a possibilidade de se contratar uma preceptora para educar a menina embaixo dos olhos do pai. No ano de 1846 é fundada a 1ª Escola Normal de São Paulo, mas apenas em 1875, as mulheres ganham o direito de frequentá-las. Entretanto, é ainda no final do século XIX que a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro aceita a matrícula da primeira mulher, no ano de 1881.
No começo do século XX, poucas meninas e moças tem acesso a qualquer tipo de ensino, apenas na década de 1930, época da divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação, algumas mulheres começam a frequentar os cursos universitários. Até os anos 50, muitas terminam o ensino médio.
A construção de estereótipos é realizada na família, na escola, na religião, nos meios de comunicação de massa, nas leis, na literatura e na profissão, por essa razão, não é a escola o único espaço de reprodução das desigualdades sociais. Da segunda metade do século XX até os dias atuais, as mulheres continuam insistindo em sua escolarização e de suas filhas, mas permanecem os antigos problemas, como a discriminação salarial, o preconceito e a violência simbólica exercida nos espaços de trabalho.
Segundo Aranha (1990:96), o processo de inferiorização da mulher é muito antigo e bastante marcado pela persistência de três sistemas de dominação: o racismo, o patriarcalismo e o capitalismo. Hoje é preciso rever esses conceitos e aprimorar a luta pela igualdade dos sexos não apenas na forma da Lei, mas através de uma educação que ultrapasse as antigas barreiras e forneça à mulher não apenas uma educação de qualidade, mais qualidade de vida e de oportunidades.

Esse artigo faz parte de meus estudos sobre o processo de educação no Brasil. Favor citar da seguinte forma: MENDES, Andreia Regina Moura. Reflexões históricas sobre a educação feminina. Disponível em:www.historiandoantropologicamente.blogspot.com. Acesso: data de leitura.

Dúvidas? @AndreiaReginaBr

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Parnamirim: vocação para aviação


É inegável que a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial oportunizou importantes transformações no país durante o governo Vargas. No Rio Grande do Norte, o conflito propiciou o surgimento da Base Aérea de Parnamirim Field, pela conveniência estratégica dos Estados Unidos.

Outro aspecto importante foi a formação da cidade de Parnamirim, que difere do contexto de origem das demais cidades brasileiras por sua  fundação está associada à instalação de uma pista de pouso e posteriormente da base e do  aeroporto durante os efetivos de guerra.
—E como tudo começou? Ainda nas décadas de 1920 e 1930, —a aviação comercial transoceânica iniciou sua expansão e uma empresa francesa através da companhia Aeropostale (antiga Latécoère, atual Air France) escolheu o Brasil para ser cabeça de linha do empreendimento na América do Sul
http://sterlingnumismatic.blogspot.com.br/2010/11/latecoere-aeropostale-air-france-ii.html


Uma área próxima da capital Natal, acabou sediando o campo de pouso devido sua localização geográfica na “esquina do continente”.

—Nomes de destaque destas primeiras viagens são Paul Vachet, Deley e Fayard que chegaram em Natal em 17 de julho de 1927 para encontrar uma área adequada à instalação de um aeródromo.
Assim, —com o auxílio do coronel do exército Luís Tavares Guerreiro, os franceses encontraram o tabuleiro de Parnamirim, próximo à uma lagoa.
http://www.fundacaorampa.com.br/af_parna.htm





Para a construção do campo de pouso, uma mão-de-obra migrou em grandes levas dos pequenos povoados próximos da  área, como Passagem de Areia, Taborda e Água Vermelha. Desta forma, a formação de Parnamirim enquanto núcleo populacional ocorreu a partir das migrações oriundas das regiões circunvizinhas, com o objetivo de encontrar ocupação na construção do aeródromo.
—A pista foi inaugurada incompleta em outubro de 1927. O primeiro avião que pousou foi o Nugesseet-coll, pilotado por Joseph Le Brix e Diondonne Costes. O avião Lati 25 estabeleceu a linha aeropostal. A década de 1930 popularizou o campo de pouso em Parnamirim com os famosos reides aéreos e anunciaram a vocação daquele povoado para a aviação comercial e depois militar.

http://tokdehistoria.wordpress.com/2012/11/22/
Esse texto faz parte de minha pesquisa de bacharelado desenvolvida no curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é expressamente proibida sua reprodução sem os devidos créditos. Favor citar: MENDES, Andreia Regina Moura. Parnamirim: cidade aeroportuária. Natal: UFRN, 2000. Monografia de graduação.

sábado, 24 de novembro de 2012

Minhas dicas para os vestibulandos



Começou a maratona rumo a uma vaga nas universidades públicas e escrevi dez dicas para meus ex-alunos e espero que sejam úteis para você. Tenha um excelente resultado!
1- Use a véspera da prova para descansar a sua mente. Assista um filme leve, leia um livro que não seja didático, escute suas músicas
favoritas.
2- Aproveite para passear com a família e os amigos e lembre de avisar para todos que a ordem do dia é ZERO pressão sobre o dia de amanhã.
3- Tem um (a) namorado (a)?, curta bastante sua companhia, para compensar um pouco as ausências forçadas graças ao ritmo de estudos.
4- Nada de se empanturrar de frituras, gorduras. Faça refeições nutritivas e leves.
5- Antes de dormir, coloque o despertador para um horário que seja suficiente para você chegar com tranquilidade até o local da prova. Caso ainda não saiba onde é, olha no google maps e se informe sobre rotas alternativas, transporte público e quem pode oferecer uma carona.
6- Tome um chá antes de deitar, durma cedo, pelo menos para garantir uma média de 7h ou 8h de sono. Menos do que isso vai tirar parte de sua concentração.
8- Lembre-se que todo o seu esforço já foi realizado, hoje é dia de relaxar e deixar sua mente mais livre, assim os conteúdos e temas para as provas estarão mais fixos em sua memória e você estará sem zero estresse.
9- Leve uma garrafa com água, mas cuidado com o excesso de doces durante a elaboração da prova. Eles podem variar seus níveis de atenção, prejudicando sua performance em algumas questões.
10- E por último, muito sucesso em sua prova, espero mesmo ter ótimas notícias e ser convidadas para algumas celebrações. Um forte abraço para cada um e "Carpe Diem".






quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O mito da caverna

Em abril de 1997, tive meu primeiro contato com a filosofia platônica e desde então, reflito bastante sobre o quanto o mundo ideal se reveste de mundo real na vida de cada um. Quem apresentou Platão para a turma de História da UFRN naquele ano foi o professor Zoroastro através do texto Mito da Caverna, narrado pela filósofa Marilena Chauí.
A importância dessa alegoria hoje talvez seja maior do que foi na sua época, principalmente agora que vivemos na era do simulacro e das simulações. De fato, Platão descobriu um importante elemento para nos ajudar a ver a realidade de forma mais crítica.
Encontrei o texto original dado pelo professor, já amarelado e rasgado nas pontas, e aproveito para trazer para vocês essa grande alegoria. Boa leitura e reflexão!

O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-escuridão, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta - palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.


Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (a caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombaria dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade?
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar e outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real o único verdadeiro.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1995. Unid. 1, cap. 3, p.40-41.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Independência e Voto


No último desfile de 07 de setembro, havia um homem na multidão coberto com a bandeira do Brasil, ele perguntava aos gritos onde estava a independência do povo brasileiro, mas as pessoas olhavam para ele e faziam de conta que era apenas mais um lunático das ruas de Natal.

Eu vi o desfile cívico com a imagem dele em minha cabeça e, ao longo das duas horas seguintes, fiquei questionando se aquela celebração tinha qualquer relação com a nossa vida política atual. No meio do povo, eu buscava imaginar se havia algum candidato das próximas eleições da cidade, seja para a câmara ou para a Prefeitura. Mas era muito difícil elaborar uma imagem assim na minha mente.
Aos poucos, o homem com a bandeira nas costas e um discurso de indignação tomava mais espaço em minha memória recente e despertava também várias reflexões sobre nosso processo histórico e a participação popular na política cotidiana.  Eu olhava para aqueles rostos no meio da multidão e questionava se qualquer um deles sabia o valor de uma independência.
Em pouco tempo, meu entusiasmo de neta de ex-combatente foi desaparecendo e a partir da história da luta do meu avô junto a tantos outros pracinhas da FEB, pensei nas muitas outras lutas que o Brasil assistiu nos últimos séculos em nome do ideal de liberdade e, mais uma vez, refleti sobre a mudança operada na busca desse ideal.
As armas foram substituídas e os defensores da nossa liberdade se multiplicaram aos milhões através do direito de voto. Mas quantos sabem desse poder de mudança e transformação? Quantos fazem uso dessa herança, que é fruto de muitas batalhas nos campos e nas cabeças das pessoas?
O que eu gostaria de ver no próximo dia 7 de outubro é um grito de independência dos eleitores potiguares que nos liberte das antigas estruturas que perduram na história do Rio Grande do Norte. As pessoas precisam incorporar a indignação daquele homem coberto pela bandeira e usarem sua maior arma para provocar a mudança necessária e criar um tempo novo, no qual os desmandos, a inércia, a corrupção, o nepotismo sejam substituídos por um processo político verdadeiramente democrático.
O voto tomou o lugar da espada e da baioneta, e precisamos pensar nele enquanto uma conquista muito cara e importante para a verdadeira independência do povo brasileiro, que aos meus olhos, ainda não se realizou, mas que tem uma data marcada para começar: a próxima eleição.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Como ensinar a pescar


Tradicionalmente, a política republicana brasileira é marcada por práticas assistencialistas. Herdadas dos tempos dos coronéis, elas chegaram ao século XXI com novas roupagens e atualizações, e continuam se multiplicando através de uma série de “políticas públicas”.
Recentemente, a moça que faz coleta de materiais recicláveis em meu bairro veio aqui em casa e perguntou se meu candidato a vereador poderia pagar três contas de energia elétrica para ela. Juntas, somavam mais de R$170,00. A pergunta não me pegou de surpresa e de imediato expliquei que meu candidato a vereador não tinha esse tipo de prática eleitoreira, mas que ela devia procurar um dos atuais vereadores na câmara, contar de sua dificuldade em manter o sustento da casa e de seus três filhos coletando recicláveis e pedir para ela um emprego, uma ocupação, algo que lhe garantisse uma vida com mais qualidade.
Ela até demonstrou algum entusiasmo e disse que faria isso no mesmo dia. Caso eu não a encontre passando por essa rua, posso pensar muitas coisas, a primeira, que ela conseguiu uma ocupação diferente falando com o tal do vereador e assim, poderá mudar um pouco a condição de pobreza que vive; a segunda, que ela não gostou de minha sugestão e resolveu mudar de rua durante a coleta. A última, que foi atendida pelo vereador, recebeu o dinheiro para pagar seus impostos atrasados e vai continuar coletando recicláveis na sua carroça com seus dois meninos pequenos.
Ted Mundorf
http://www.allposters.com/-sp/Spear-Fisher-Posters_i8904532_.htm

Então, qual é o ponto de reflexão? Quero pensar sobre a necessidade de se elaborar políticas públicas sociais que conduzam a um tipo de prática e que as mesmas possam inserir essas pessoas, jovens e adultas no mercado de trabalho. Não é possível continuar vivendo uma política de “doação de peixe”. As políticas públicas sociais devem “ensinar a pescar”, instrumentalizando o povo para a construção de uma nova possibilidade de existência e afastando-o do espectro da submissão e miséria.
Exigir políticas públicas que "ensinem a pescar" é uma obrigação de cada cidadão. A política assistencialista não propicia bom crescimento, penalizando uma classe inteira com a alta dos impostos e deixando a outra à margem das decisões, mas muito próxima das espinhas intragáveis dos peixes doados.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Contextualizando a escola pública


As discussões em torno do papel da educação na sociedade e a função da escola na vida social surgiram a partir do século XVI, época na qual assistimos o crescimento do conceito de infância e a preocupação em dedicar uma educação formal e pública para as crianças. Esse período histórico é marcado pelo avanço do capitalismo comercial e ascensão da sociedade burguesa europeia, que por sua vez, influenciou na formação de um conjunto de valores, códigos e linguagens que foram essenciais para a consolidação do mundo moderno. Sobre o surgimento do ensino nas escolas, Jacques Gélis nos indica que (1991:324-325):
Assim se efetua uma dupla passagem: da família-tronco à família nuclear; de uma educação pública comunitária e aberta, destinada a integrar a criança na coletividade para que incorpore os interesses e os sistemas de representação da linhagem, a uma educação pública de tipo escolar, destinada a integrá-la, facilitando o desenvolvimento de suas aptidões.

Gélis (1991:323) afirma que até o século XVI as crianças recebiam uma educação dentro de seus lares e de acordo com os recursos disponíveis para cada família; entretanto essa educação privada era reconhecida por muitos como liberal e indulgente, o que motivou uma crítica ao papel dos pais enquanto educadores; no século seguinte surgiu uma corrente de pensamento que defendia a existência de colégios coordenados e dirigidos apenas pela igreja e pelo Estado, o que para Gélis (1991:324) significava que “colocar na escola equivale a tirar da natureza”.
Segundo Ghiraldelli Jr (2009) o ensino no Brasil se organizou ainda no período colonial inicialmente em torno dos jesuítas e de seu sistema do Ratio Studiorum (Ordem dos estudos), depois foi norteado pelas reformas pombalinas, quando os primeiros professores leigos foram contratados na colônia e por último conheceu os avanços propostos pela chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808.
 Entretanto o ensino só foi estruturado em três níveis durante a fase imperial: primário, secundário e superior. O próprio Ghiraldelli Jr afirma que (2009:29):  “Duas características básicas marcaram o ensino dessa época: o aparato institucional de ensino existente era carente de vínculos mais efetivos com o mundo prático e/ou com a formação científica; e era um ensino mais voltado para os jovens que para as crianças”.
Durante o período do regime republicano conhecido como “República Velha”, vigorou uma educação marcada pelo experimentalismo e pontuada pelos princípios da Ratio Studiorum como uma herança jesuíta. Apesar da difusão nos anos 1920 dos princípios da “escola nova”, apenas durante a década de 1930 o Brasil conheceu uma mobilização política em torno da implantação de um projeto educacional modernizante, implementada por intelectuais e educadores que assinaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932. Sobre o Manifesto, Ghiraldelli Jr. (2009: 41-42) nos indica que:
O “Manifesto de 1932” foi redigido por Fernando de Azevedo e, apesar de representar tendências diversas de pensamento – como as do filósofo John Dewey (1859-1952) e a do sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) entre outros – compunha uma autêntica e sistematizada concepção pedagógica, indo da filosofia da educação até formulações pedagógicas/didáticas, passando pela política educacional.

Segundo Otaíza Romanelli (1986:160-161), foi apenas após o fim do regime de Estado Novo, instalado por Getúlio Vargas, que o Governo Federal procurou centralizar as diretrizes da educação pública, criando leis orgânicas para o ensino primário e secundário com validade em todo o território nacional. Sobre o ensino primário, o Decreto-Lei nº 8.529 de 02 de janeiro de 1946 demonstrou a influência do movimento renovador e dos princípios do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” de 1932.
Na década seguinte, o movimento de defesa da escola pública foi intensificado e o debate foi ampliado, englobando não apenas educadores, intelectuais e políticos, mas chamando para arena de discussão os professores, estudantes e sindicatos. Segundo Azanha (1999:167-169), a liderança dos debates coube ao estado de São Paulo, representado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, com destaque para o professor Roque Spencer Maciel de Barros que tratou de fazer a defesa do papel do estado para assegurar a liberdade de ensino e dessa forma “conduzir a educação sem a preocupação do proselitismo ideológico ou confessional e sem a ambição do lucro”.
Apesar da força das discussões e relevância dos debates, a oposição venceu com seu discurso de liberdade para a educação, garantindo dessa forma a permanência das instituições de ensino privadas e com apoio do investimento público. a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aprovada em 21 de dezembro de 1961, representou um retrocesso ao anteprojeto original, comprometendo o desenvolvimento da educação brasileira diante dos interesses mercadológicos e financeiros pelas décadas seguintes.
O golpe de 1964 e a instalação do regime militar com duração de mais de 20 anos selou definitivamente os destinos do ensino público brasileiro, seja pela repressão aos professores, funcionários da educação e estudantes, seja pela ausência de políticas públicas voltadas para a educação básica. Nessa época, o governo federal procurou atender às exigências do mercado externo e promoveu uma educação de caráter profissionalizante de acordo com uma visão tecnicista do processo de ensino.
Apesar da ampliação do ensino superior com a construção de diversas universidades, os professores que demonstravam qualquer posicionamento político ou ideológico eram silenciados através de demissões, prisões ou aplicação de exílios. É o que podemos perceber analisando o parágrafo 1º do Art. 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968.[1]
O governo brasileiro, ainda na condição de um regime militar, realizou seus primeiros investimentos para aproximar os meios da informática e da comunicação do cenário educativo através de diferentes programas, preparando o terreno para a posterior aplicação de uma política pública para a educação tecnológica.
Voltando para a análise dos contextos históricos, com a abertura política e o processo de redemocratização do país a partir do ano de 1985, o novo regime republicano iniciou os debates para elaboração de uma nova carta constitucional. A Assembleia Nacional Constituinte votou a nova carta em 1988, na qual a educação aparece como um dos direitos sociais (Capítulo II, Art.º 6º). No capítulo III, do Título VIII, Da ordem Social, o texto constitucional garante que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nesse artigo, contemplamos uma visão integral do ensino, que permite o desenvolvimento das potencialidades do sujeito, agregado a conquista da cidadania e garantia de entrada no mercado de trabalho. Estes três enfoques também estão presentes na Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, o que nos remete às necessidades educacionais, políticas e econômicas dos Estados.
Ainda dentro desse pressuposto, no Art. 214, o texto da Constituição indica como uma das metas a “promoção humanística, científica e tecnológica do País”. Ou seja, a educação sendo alçada ao patamar de função estratégica para o desenvolvimento nacional. Assim, estes objetivos foram ampliados na elaboração do Plano Nacional de Educação, já previsto na Carta Constitucional, e elaborado após a criação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, estabeleceu importantes princípios para nortear a prática educativa no país. Entretanto, desde o período que antecedeu sua discussão, muitos atores sociais não foram devidamente envolvidos nos processos de debate e tomada de decisões que, caracterizam a formulação de uma Lei responsável por um setor fundamental da sociedade.
Das disposições gerais e como uma das diretrizes principais, a educação escolar aparece atrelada ao mundo do trabalho e das práticas sociais, o que é expresso no Artigo 22º: “A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
É interessante notar que o direito à cidadania e a inserção no mercado de trabalho aparecem como condições importantes, mas não atreladas no texto a uma formação continuada e de qualidade que seria proposta pela permanência do educando no ensino médio e posterior ingresso numa formação universitária. Dentro desse aspecto compreendemos que há de fato um compromisso, presente no texto da Lei, em preparar os jovens para uma entrada no mundo do trabalho, sem obrigatoriamente passarem pelo mundo acadêmico, o que reforça as críticas levantadas pelos pesquisadores sobre o teor neoliberal do texto da LDB, como Emir Sade (apud MÉSZÀROS, 2008: 15):
A educação que poderia ser uma alavanca essencial para a mudança, tornou-se instrumento daqueles estigmas da sociedade capitalista: “fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes”.

Sobre o compromisso firmado entre os Estados e os interesses do capital, o filósofo húngaro István Mészàros afirma que é preciso reformular de maneira significativa a educação, sem entretanto esquecer de transformar a sociedade na qual as práticas educacionais “devem cumprir as suas vitais e historicamente importantes funções de mudança” (2008:25).
Concluimos então que a a educação básica no Brasil sofreu diversas modificações, desde a educação pregada pela igreja católica até as reformas implementadas pela Constituição de 1988 e a LDB de 1996, entretanto, sabemos que a escola pública brasileira ainda precisa avançar bastante, corrigindo graves problemas e dessa forma, promovendo maior inclusão e participação tanto da família quanto do próprio educando em seu processo de ensino aprendizagem.


[1] O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o parágrafo 1o do Art. 2o do Ato Institucional no 5, de 13 de dezembro de 1968, decreta:
Art. 1º Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que:
I - Alicie ou incite a deflagração de movimento que tenha por finalidade a paralização de atividade escolar ou participe nesse movimento; 
III - Pratique atos destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comícios não autorizados, ou dele participe;
IV - Conduza ou realiza, confeccione, imprima, tenha em depósito, distribua material subversivo de qualquer natureza.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Para uma definição de política

Mais um ano eleitoral e mais uma vez somos convidados para refletir sobre a política que queremos e a democracia que vivemos. Já estamos ouvindo os carros de som com suas paródias, alguns de músicas de gosto duvidoso. Também vemos faixas, outdoors, santinhos com fotos tratadas no photoshop, ou não e excelentes adjetivações como amigo, companheiro, parceiro, irmão, honesto, confiante, leal e por aí vai.
Como já disse anteriormente, comecei a exercer minha cidadania enquanto eleitora apenas aos 19 anos de idade, mas nunca me ocorreu tirar proveito do direito conquistado a menos de um século pela classe feminina. Antes de ter meu título de eleitora, acreditava que a falha da política estava no povo, que escolhia mal os seus candidatos. Cheguei até a blasfemar contra o voto livre e desejei que retornasse o sistema censitário. Claro que isso era devaneio de quem tinha pouca leitura e pouco conhecimento do que de fato é política.

Minha visão do processo é ampla e crítica e não me apego mais ao partidarismo. Estou preocupada com o projeto pessoal do político e das possibilidades de sua aplicação dentro de uma câmara ou assembleia. E como a política é feita de homens e mulheres, é interessante também buscar a trajetória daquele ser humano que irá parcialmente representar os anseios e demandas da coletividade. Digo parcialmente porque nem tudo que precisamos e ansiamos entra na agenda política do estado ou da legenda que votamos. E sabemos a razão disso.
Então, não é hora para estereótipos ou paixões políticas cegas, mas para importantes reflexões. O momento é de perceber que vivemos um dos modelos políticos mais marcados por processos de corrupção, desvio de verba e nepotismo. O exemplo de hoje? A câmara de deputados aprovou uma liminar que impede a divulgação de seus salários. Onde está a transparência política? Onde está a lei do acesso? Ela funciona para qualquer sujeito menos para um parlamentar?
Acho impressionante o quanto o governo controla cada centavo a mais que o trabalhador e a classe média ganham, para nos taxar com impostos para aumentar a renda de quem? dos deputados? As eleições não são para a câmara, mas é hora de dar o troco. Faça um exame na sua trajetória de vida, veja o quanto estudou, trabalhou, batalhou e quantos direitos realmente você tem assegurado pelos políticos que dizem nos representar.
Se estudou em escola pública depois da década de 1990 encontrou uma instituição sucateada, mas se teve acesso ao ensino particular, de melhor qualidade, foi a custa dos rendimentos e esforços da própria família. Saúde? só se for para quem tem carteira de plano de saúde. Muitos gastam 1/3 dos ganhos da família pagando por um serviço que é assegurado pela constituição. Segurança? Confie em Deus, no seu cachorro e nas suas grades, por que o estado não vai atender as suas necessidades nem na rua nem na sua casa.
E transporte? Ou abastece seu carro toda semana para trabalhar e estudar, ou o jeito é pegar aquele GOL, (grande ônibus lotado). Num país que foi avaliado como um dos mais favoráveis para investir no transporte ferroviário, vemos trens sucateados e linhas desativadas em todo o território. Mas o IPI está reduzido e você pode pagar por um carro financiado em 60 parcelas e ao final perceber que pagou um sedan no lugar do básico que você tem na garagem.
Entende porque é preciso refletir na hora de escolher um candidato? Não se apegue ao estereótipo, se apegue a trajetória política e pessoal, as alianças que esse candidato estabeleceu ao longo de sua vida e principalmente, se ele alguma vez já se colocou contra os direitos da coletividade, se detectou algo, saiba que é hora de criar uma política mais justa e digna e que só faremos isso quando acabarmos com as chances de candidatos assim se manterem no poder, mesmo que seja através dos aliados políticos como os vereadores.
E como fazia tempo que eu estava com tudo isso preso na ponta dos dedos, vou encerrar com uma definição de política que não é de dicionário de estudante, mas sim do Dicionário de Sociologia:

Política:
Política é o processo social através do qual poder coletivo é gerado, organizado, distribuído e usado nos sistemas sociais. Na maioria das sociedades, é organizada sobretudo em torno da instituição ESTADO, embora este fenômeno seja relativamente recente. Nas sociedades feudais, por exemplo, o Estado era muito fraco e subdesenvolvido, e o poder político cabia principalmente aos nobres, vassalos e clero, cujas esferas de influência eram bem definidas pela extensão de suas terras.

Embora seja associado com mais frequência a instituições de governo nos níveis internacional, regional e comunitário, o conceito de política pode ser aplicado a virtualmente todos os sistemas sociais nos quais o poder representa papel importante. Podemos, por conseguinte, fazer perguntas sobre a política da vida familiar e da sexualidade, a "política" de escritório, a política universitária ou mesmo a política da arte e da música. Este último argumento tem importância especial porque chama atenção para o fato de que todos os sistemas sociais têm uma ESTRUTURA DE PODER, e não apenas aqueles cujas funções sociais são formalmente definidas em termos de posse.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cascudo e os nomes da terra potiguar

Semanas atrás comprei um raro exemplar do livro Nomes da terra: História, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, de Luís da Câmara Cascudo. A edição é de 1968 e é até hoje a obra mais antiga sobre a origem dos municípios potiguares.
Muitos dos meus ex-alunos tanto da universidade pública quanto da privada, já me questionaram sobre o papel de Cascudo enquanto historiador. Eu sempre defendi que ele é de fato um pioneiro nas pesquisas etnográficas e um grande investigador da cultura popular brasileira.
Mas o ofício de historiador exige alguns conhecimentos específicos que são resultado de nossos estudos sobre  historiografia e  teoria histórica, que bem sabemos que o mestre Cascudo não teve acesso durante sua formação acadêmica. Mesmo assim, ninguém se compara ao seu grau de erudição e de interesse pela cultura do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Suas pesquisas com a aplicação de sua metodologia baseada na tradição oral forneceu pistas que outros seguiram e puderam realizar novos trabalhos, com um olhar mais aguçado pelas lentes da transição entre os séculos XX e XXI.
Algumas coisas ainda me incomodam quando lembro do papel de Cascudo para o Rio Grande do Norte. A primeira delas é o silêncio na maioria das áreas do saber acadêmico que tratam dos aspectos humanos de nossa história. Lembro que anos atrás orientei um aluno em um trabalho sobre crendices populares no futebol e quando o mesmo foi apresentar seu artigo acabou sendo criticado por uma professora da universidade pública por ter citado Cascudo em suas referências de estudo.
O segundo aspecto que muito me chama atenção é o quanto partes de sua obra são apropriadas por outros que dizem fazer algo inédito, quando na verdade apenas transcrevem ou fazem paráfrase sobre o que Cascudo já tinha escrito muitas décadas atrás. Até mesmo órgãos do governo, que deveriam dedicar algum tempo em fazer um levantamento sobre as fontes que tratam de nossa história, simplesmente copiam trechos cascudianos sem sequer citar a obra consultada.
Ainda ouviremos falar muito de Câmara Cascudo, entretanto o mais importante é que suas contribuições enquanto pesquisador sejam sempre valorizadas e conhecidas por todos nós através de uma divulgação coerente com os ofícios que o mestre da cultura desempenhou.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Revisão de História do Brasil: JULHO- 2012

A História do Brasil é item obrigatório em diferentes tipos de concursos, sejam os que garantem acesso nas universidades, ao Instituto Rio Branco (carreira de diplomacia) e Forças Armadas.
Aproveitando o recesso de julho, estou oferecendo o curso de História do Brasil. São dez encontros para discutir desde a administração colonial até o regime militar. 
A ideia é reunir pessoas que tenham os mesmos objetivos e que queiram discutir sobre a História do Brasil em grupo.
O grupo acerta antecipadamente, local, horário e garantimos uma revisão dinâmica, interativa, com recursos audiovisuais e questões para resolução.
O valor é cobrado por aluno o equivalente a hora/aula e pode receber um desconto para grupos formados por mais de 5 pessoas. Os interessados podem agendar comigo para discutir sobre custos, local das aulas e formas de pagamento.
 Será um grande prazer discutir mais de nossa história com você e seus amigos:
Andreia Mendes


Casa da Ciência: revisão de textos e co-orientação
casadaciencia.revisores@hotmail.com
84- 88123836
84- 88741869

Atendemos em Natal e Parnamirim/RN

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Nosso patrimônio, nossa responsabilidade: Fortaleza dos Reis Magos



Nunca aprendemos uma forma correta para denominar o mais antigo patrimônio imóvel do estado do Rio Grande do Norte. Na historiografia potiguar vemos as duas formas de denominação para a primeira construção militar na capitania do Rio Grande: Forte dos Reis Magos ou Fortaleza. Na verdade, acredito muito mais no termo fortaleza, pois designa uma construção com ocupação militar constante, enquanto um forte serve para as campanhas esporádicas ou sazonais.
Antigo paiol e capela. 2004

    A fortaleza foi criada durante o período da União Ibérica segundo as ordens do rei D. Felipe II no ano de 1598. O objetivo era conduzir à conquista da capitania com a pacificação dos povos indígenas e expulsão dos corsários estrangeiros. A primeira construção, segundo os historiadores tradicionais, foi feita de taipa, sendo depois substituída pela construção atual que é um projeto do padre Gaspar de Samperes e do arquiteto Francisco Frias de Mesquita.
4      Existem outras construções fortificadas ao longo do litoral brasileiro e que são anteriores a Fortaleza dos Reis Magos, entretanto, a fortaleza encontra-se em melhores condições de restauro e pronta para receber os visitantes.
5    A fortaleza teve papel fundamental no apaziguamento dos povos indígenas que habitavam as margens do rio Potengi e também foi crucial para a expulsão dos estrangeiros, o que favoreceu a formação do primeiro núcleo urbano e a fundação da cidade em 1599.
Castelo de Ceulen. Franz Post


1    Mesmo na dúvida em relação ao tipo de edificação militar, o mais importante é saber que a construção foi extremamente importante para a conquista e colonização do Rio Grande. Mesmo diante da fúria dos holandeses, ela resistiu. Na época uma prática comum na história era os conquistadores alterarem a toponímia dos lugares invadidos. No caso do domínio holandês, tanto a capital da capitania quanto sua maior construção arquitetônica militar tiveram seus nomes originais alterados. Alguns dizem que a mudança do nome foi para homenagear o capitão batavo que conduziu à invasão e aos poucos aprendemos que as grafias eram múltiplas: Keulen, Ceulen. A conquista da capitania do Rio Grande se estendeu de 1633 até o ano de 1654, quando os holandeses foram definitivamente expulsos e os Reis Magos retornaram para a sua moradia.
Barra do Rio Grande e fortaleza de Ceulen. Franz Post

3   Nesse ano anunciaram uma grande reforma na edificação mais antiga e importante para a história potiguar. Acredito que a iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com a IBRAM será de grande importância para melhoria da infraestrutura e que não deve deixar de atender os aspectos pedagógico e didático. A fortaleza dos Reis Magos é um lugar de memória e deve ser preservada e valorizada, não só para o turista, mas principalmente para o povo potiguar. Daí a importância de se conhecer o patrimônio local e de exigir do governo do estado políticas públicas que favoreçam nossa cultura e protejam nossos patrimônios. Apenas assim nossa identidade se fortalece e chegaremos ao futuro como um povo que soube cuidar de sua história.

sábado, 26 de maio de 2012

Etnias na academia: tempo para discutir, refletir e exigir mudanças

Maio foi o mês escolhido para retomada dos debates sobre Etnicidade na academia. O primeiro foi a mesa redonda com o tema “Indígenas do RN – Contemporaneidade, avanços e perspectivas”. O grupo de Estudos da Questão Indígena do RN, PARAUPABA organizou o evento contando com o apoio do departamento de Antropologia da UFRN e do Museu Câmara Cascudo. Apesar da pouca cobertura feita pela mídia local, estudantes, pesquisadores e grupos indígenas marcaram sua presença e aqueceram o debate.
O próximo evento é dia 31 de maio e está sendo organizado pelo NAVIS -Núcleo de antropologia visual (DAN/PPGAS). A proposta é realizar uma roda de conversa com diversos atores envolvidos na questão da etnia cigana, entre eles "representantes e lideranças ciganas, gestores públicos, estudantes, professores e pesquisadores". O tema do evento é: "Ciganos : identidades, memórias e resistências". A professora Lisabete Coradini é a representante do departamento de Antropologia que irá conduzir as discussões. Haverá ainda uma exposição fotográfica e Mostra de filmes.  A programação começa a partir das 9h no Centro de Convivência e é aberta ao público geral.
Entretanto, é importante entender o que é uma etnia e qual a sua importância nas dinâmicas de nossa cultura.
Philipe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fenart procuraram nos esclarecer sobre essa problemática em seu texto: O que é um grupo étnico? Vou aproveitar então para apresentar alguns aspectos levantados por esse texto.
A primeira questão que os autores levantam é o fato dos antropólogos não demonstrarem um forte interesse em procurar definir o que é uma etnia. O termo é usado desde os primórdios da antropologia para definir as sociedades tradicionais (também chamadas de primitivas). Entretanto, a forma como ele foi  empregado inicialmente mostrava uma espécie de negação da historicidade dessas sociedades.
Depois, outro equívoco foi levantado quando se procurou definir os campos de trabalho e pesquisa da antropologia e da sociologia. Enquanto a primeira cabia lançar o seu olhar sobre as ditas "sociedades sem história", "sociedades pré-industriais" e "comunidades", a sociologia se ocupava da "sociedade com história" e das "sociedades complexas".
Inicialmente os critérios utilizados para definir uma etnia foram:
  • língua;
  • espaço;
  • costumes;
  • nome;
  • mesma descendência;
  • consciência de pertencer ao mesmo grupo.
Esses critérios serviram apenas para tornar o conceito de etnia um dos mais confusos das ciências sociais, provocando pouca distinção entre o que é uma etnia, uma sociedade, uma cultura, uma formação social ou conjunto cultural.
Outro elemento que não deve ser esquecido diz respeito ao fato de que um conceito tão problemático é insuficiente para ser aplicado em algumas realidades muito específicas como as que são encontradas no continente africano.
Diante de tudo que foi colocado, o desafio proposto é desconstruir o objeto étnico. Segundo JeanBazin: "A etnia é um sujeito fictício que a etnologia contribuiu para fazer ser". Concordaremos com ele?
O que podemos concluir é que existe uma grande dificuldade até hoje em definir um critério único e válido para todas as realidades encontradas.. Mesmo utilizando o método de pesquisa para classificar, identificar, diferenciar e estabelecer as generalizações, ainda precisamos lembrar que uma etnia é feita por critérios marcados pela subjetividade, como o sentimento de pertencimento ao grupo e a crença na origem comum, como também por critérios bastante objetivos, entre eles os mais utilizados são: língua, etnônimo, independência econômica, organização política e contiguidade territorial.
São muitas as teorias da etnicidade, mas vale muito trazer a discussão para a academia com os próprios atores sociais, pois da polifonia poderemos ouvir novos conceitos de pertencimento e descobrir novas ações de afirmação identitária. Para as etnias indígena e cigana é sempre tempo de discutir, refletir e exigir mudanças.
Para saber mais: 

BANTON, Michael. A Ideia de Raça. Lisboa: Edições 70, 1977. 
BARTH, Fredrik; LASK, Tomke. O Guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000
POUTIGNAT, Philipe. Teorias da Etnicidade. São Paulo: Unesp, 1998.
OLIVEIRA FILHO, João Pacheco - A Viagem da Volta. Etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. Rio de Janeiro: Contracapa, 
LIMA, Antonio Carlos Souza.  Antropologia e Identificação: os antropólogos e a definição de terras indígenas no Brasil- 1977-2002 . Rio de Janeiro: Contracapa, 2005.

 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A solidão na sociedade pós-industrial e a ideia de presença nas novas mídias sociais

Os imigrantes digitais nasceram em um mundo onde as duas formas de comunicação a distância que existiam eram a carta e o telefone. A carta exigia um emissor, um receptor e a mensagem. Lembro ainda do frenesi que as coleções de papel de carta provocaram na última geração analógica (a minha). Era comum na década de 1980 e ainda em 1990 as filhas da última geração analógica manterem pastas classificadoras cheias de papéis decorados, envelopes perfumados e adesivos com um brilho especial. Tínhamos muito papel de carta, mas quase ninguém escrevia neles, talvez por pena de usar aquele artefato tão valioso para nós, ou com medo de desperdiçar com alguém que não valia sequer uma carta.
Na verdade, na última geração, poucas pessoas conheciam alguém que morava além do perímetro dos bairros vizinhos da sua escola. Quando conhecia alguém distante, era um colega que tinha mudado de cidade por razões familiares. Então, quase nunca precisamos mandar cartas, estavam todos sempre tão perto e todos tão disponíveis.
Obra do pintor Vermeer.

Da mesma forma acontecia com o telefone. Poucas pessoas tinham condições de manter uma linha fixa em casa entre as décadas de 1970 e 1980. Apenas na década de 1990 houve uma democratização da telefonia fixa e logo os telefones invadiram as casas da classe média baixa. E quando estivesse na rua, bastava comprar fichas em uma cigarreira perto de um orelhão e fazer nossas chamadas telefônicas. O que é interessante é que alguns pais colocavam cadeado no telefone para impedir que os filhos ficassem horas pendurados nos fios, literalmente. Um fio unia pessoas, criava histórias e também servia para iludir os outros. Quantos trotes recebemos ou fizemos ao longo de nossa vida telefonada? Com a popularização da telefonia móvel as coisas de fato foram modificadas. Antes você marcava a hora que estaria em casa para receber as chamadas no telefone da sala. Hoje estamos disponíveis em qualquer lugar e as vezes, qualquer hora, através dos aparelhos de celular e smartphones. E com a internet, nem precisamos ficar online, basta que nosso endereço esteja disponível na world wide web.
Novas mídias, novas formas de comunicação e interação. Mas porque a solidão aumenta a cada dia? Não acredito no discurso apocalíptico defensor da ideia de que as mídias interativas provocam o fim dos laços sociais e que elas aumentam as chances das pessoas permanecerem isoladas no mundo. Não foi apenas a tecnologia da informática e da comunicação que mudou. As pessoas também mudaram. Não são apenas os novos devices que provocam a sensação de presença virtual, mesmo na ausência pessoal, mas as próprias pessoas fingem presença na ausência e as vezes estão ausentes quando presentes fisicamente.
É preciso que façamos um exame criterioso em nossa memória e que retomemos antigas práticas que eram comuns antes do advento das novas tecnologias para minimizar o impacto da solidão na vida das pessoas.
Digo isso por ter vivido nessa semana uma situação ímpar: mesmo morando a pouco mais de 100 metros da casa de minha mãe, mantivemos uma conversa através do chat a partir do meu smartphone e do pc da casa dela. Não teria sido mais simples caminhar um pouco, ter encontrado com ela pessoalmente e conversado aquele assunto trivial? Nós optamos pela solidão e quando não temos argumentos, colocamos a culpa nas mídias e acusamos a internet de ser o leviatã do novo tempo, tempo no qual a sociedade pós-industrial ao mesmo tempo que acelera os rumos da cibercultura, esquece que ao lado existe um ser humano que não dispensa um aperto de mão, um tapa no ombro e um sorriso meigo.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Televisão: primeiros usos e apropriações no século XX


A televisão: usos e apropriações no século XX.
                   A televisão foi a mídia que despontou na segunda metade do século XX e substituiu rapidamente os demais meios tanto em relação ao divertimento, quanto à informação. Até a Segunda Guerra Mundial, o rádio e o jornal impresso assumiam a liderança e conquistavam a atenção dos seus ouvintes e leitores por longas horas do dia. Entretanto, a televisão logo apareceu como um novo meio que se apropriava das outras formas de comunicação, aglutinando som, imagem e movimento em um único aparelho.
                   É importante refletir junto a Arlindo Machado (2003, p.19-20) sobre o  conceito do que é a televisão:
Televisão é um termo muito amplo, que se aplica a uma gama imensa de possibilidades de produção, distribuição e consumo de imagens e sons eletrônicos: compreende desde aquilo que ocorre nas grandes redes comerciais, estatais e intermediárias, sejam elas nacionais ou internacionais, abertas ou pagas, até o que acontece nas pequenas emissoras locais de baixo alcance, ou o que é produzido por produtores independentes e por grupos de intervenção em canais de acesso público. Para falar de televisão, é preciso definir o corpus, ou seja, o conjunto de experiências que definem o que estamos justamente chamando de televisão.

Nesse artigo quero refletir sobre a televisão e o desenvolvimento dessa mídia para que possamos compreendê-la dentro do paradigma da pós-modernidade na sociedade da informação.
 Segundo Briggs e Burke (2004:178- 180), a palavra televisão foi criada na França no ano de 1900. Entretanto ainda na primeira metade do século XIX, diferentes países realizavam experiências em torno da reprodução da imagem, como os primeiros experimentos de fotografia no ano de 1839. Assim, os primeiros aparelhos foram colocados à venda em 1920, mas apenas após o fim da Segunda Guerra Mundial ocorreu um maior investimento por parte dos países e de grandes organizações financeiras e empresas de eletro-eletrônicos.
Fonte: http://www.burohaus.com.br/blog/evolucao-aparelhos-tv/

Apesar da televisão ter chegado ao Brasil apenas na segunda metade do século passado, é interessante acompanhar o seu desenvolvimento. Para os historiadores Burke e Briggs (p.180-181):  “Quando, uma geração depois, a primeira propaganda apareceu na televisão, a situação havia mudado. Os aparelhos de TV (“televisores”) foram postos à venda no fim da década de 1920; antes disso não foram objeto de muita discussão”.
O responsável na Grã-Bretanha pela difusão dos aparelhos de televisão foi o inventor escocês John Logie Baird (1888-1946). Ele é o primeiro a obter em 1929 a permissão da BBC de Londres de lançar um pioneiro serviço de televisão experimental. Entretanto, a televisão se consolidou apenas no ano seguinte com a transmissão de uma peça de Pirandello em julho de 1930. (idem: 181)
A televisão tornou-se um meio de comunicação de massa na Europa e nos Estados Unidos a partir da década de 1950. Para Gontijo (2004: 404):

De 1945 a 1950, houve um grande investimento na fabricação de receptores e de equipamentos de captação e de transmissão de som e imagem. Foi nessa fase que os americanos definiram os padrões de transmissão e as mudanças na legislação para a regulamentação do setor. O crescimento da televisão na América do Norte foi muito além de qualquer estimativa otimista. De 1950 a 1960, o número de televisores passou de            um milhão para sessenta milhões e, em 1962, a TV já atingia 90% dos lares americanos.

 Esta é a época de chegada da televisão ao Brasil. Em 1950, Assis Chateaubriand inaugurou em São Paulo, a TV Tupi, a primeira emissora de televisão brasileira. Segundo Gontijo a televisão transformou-se num veículo de comunicação de massa, na década seguinte.  Para a autora (2004:415): “No Brasil, a TV foi um subproduto do rádio. (...) Aqui, ao contrário, o rádio era a supra-escola, e foi daí que vieram os primeiros técnicos e artistas que fizeram os primórdios da televisão brasileira.”
Fonte: http://cinetecacebrasil.blogspot.com.br/2010_04_04_archive.html

 A expansão deste meio de comunicação foi bastante rápida, até o final da década de 1950, já existiam dez emissoras de TV no Brasil, segundo Gontijo (idem: 417): “(...) a TV Excelsior, a primeira a ser administrada dentro dos padrões empresariais modernos e com uma grade de programação estável.”
O autor Arlindo Machado (2003:11) faz uma análise sobre o papel da televisão, ele destaca que:

Esquematicamente, pode-se abordar a televisão (da mesma forma de qualquer outro meio) de duas formas distintas. Pode-se tomá-la como um fenômeno de massa, de grande impacto na vida social moderna, e submetê-la a uma análise de tipo sociológico, para verificar a extensão de sua influência. (...) Mas também se pode abordar a televisão sob um outro viés,          como um dispositivo audiovisual através do qual uma     civilização pode exprimir a seus contemporâneos os seus próprios anseios e dúvidas, as suas crenças e descrenças, as suas inquietações, as suas descobertas e os voos de sua imaginação.

Ao longo de sua trajetória, a televisão teve vários defensores e inimigos. Mesmo diante dos impasses, a televisão foi considerada o meio de comunicação mais influente no século XX. O filósofo canadense Marshall McLuhan (1979) analisou os meios de comunicação como extensões do homem e afirmou ser a televisão uma presença constante na sociedade e capaz de exercer uma força unificadora sobre a vida de várias populações.
Entretanto, o filósofo francês Pierre Bourdieu demonstrou uma visão mais apocalíptica sobre a televisão, enxergando-a como uma ameaça às diferentes esferas da produção cultural, como a arte, a produção literária, à ciência, à filosofia e ao desenvolvimento do direito. Segundo Bourdieu (1997:22):

[...] a televisão exerce uma forma particularmente perniciosa de violência simbólica. A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que sofrem e também, com frequência, dos que a exercem, na medida em que uns e outros são inconscientes de exercê-la ou de sofrê-la.

 Diante de acusações e defesas de “apocalípticos e integrados”, Burke e Brigss afirmam que (op.cit. 258):

 Educar, não entreter, esse permanecia o objetivo prioritário para alguns dos primeiros defensores da televisão contra as acusações de que ela exercia uma influência inevitavelmente corruptora da sociedade e da cultura, e de que levava os espectadores a gastar mais tempo com ela do que com outras atividades.

Fazemos uma ressalva que a preocupação de tornar a televisão uma ferramenta útil na educação esteve presente em vários países, desde o surgimento da televisão. A aplicação da televisão na educação, no Brasil, começou décadas depois. Ainda segundo Burke e Brigss (idem):

 O Japão criou um canal exclusivo, NHK, dedicado à educação pela televisão em 1957. A Grã-Bretanha tomou um caminho diferente e incorporou a educação na programação geral. A ideia de lançar um canal educativo em separado teve apoio de companhias independentes de televisão, mas encontrou oposição por parte do Comitê Pilkington.

O exemplo mais significativo nos Estados Unidos foi a experiência chamada de “Oficina de Televisão para Crianças. Sua criação foi apoiada pela Fundação Nuffield, e a série recebeu o nome de Sesame Street, o ano de lançamento foi 1969. Segundo Burke e Briggs (op.cit. p.249-250): 

Produto comercial, deliberadamente feito para entreter e educar, ensinando crianças de jardim de infância a ler, o programa dependia da cooperação de uma equipe e de colaboradores similares àquelas da Universidade Aberta. Durante sua longa vida, foi transmitido em 150 países e serviu de modelo para programas como Plaza Sesamo no México, Vila Sésamo no Brasil, Sesamstraat nos Países Baixos e Iftah Ya Simsi no Kwait, tornando-se ‘talvez a série de maior pesquisa na história da televisão’.

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