quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Independência e Voto


No último desfile de 07 de setembro, havia um homem na multidão coberto com a bandeira do Brasil, ele perguntava aos gritos onde estava a independência do povo brasileiro, mas as pessoas olhavam para ele e faziam de conta que era apenas mais um lunático das ruas de Natal.

Eu vi o desfile cívico com a imagem dele em minha cabeça e, ao longo das duas horas seguintes, fiquei questionando se aquela celebração tinha qualquer relação com a nossa vida política atual. No meio do povo, eu buscava imaginar se havia algum candidato das próximas eleições da cidade, seja para a câmara ou para a Prefeitura. Mas era muito difícil elaborar uma imagem assim na minha mente.
Aos poucos, o homem com a bandeira nas costas e um discurso de indignação tomava mais espaço em minha memória recente e despertava também várias reflexões sobre nosso processo histórico e a participação popular na política cotidiana.  Eu olhava para aqueles rostos no meio da multidão e questionava se qualquer um deles sabia o valor de uma independência.
Em pouco tempo, meu entusiasmo de neta de ex-combatente foi desaparecendo e a partir da história da luta do meu avô junto a tantos outros pracinhas da FEB, pensei nas muitas outras lutas que o Brasil assistiu nos últimos séculos em nome do ideal de liberdade e, mais uma vez, refleti sobre a mudança operada na busca desse ideal.
As armas foram substituídas e os defensores da nossa liberdade se multiplicaram aos milhões através do direito de voto. Mas quantos sabem desse poder de mudança e transformação? Quantos fazem uso dessa herança, que é fruto de muitas batalhas nos campos e nas cabeças das pessoas?
O que eu gostaria de ver no próximo dia 7 de outubro é um grito de independência dos eleitores potiguares que nos liberte das antigas estruturas que perduram na história do Rio Grande do Norte. As pessoas precisam incorporar a indignação daquele homem coberto pela bandeira e usarem sua maior arma para provocar a mudança necessária e criar um tempo novo, no qual os desmandos, a inércia, a corrupção, o nepotismo sejam substituídos por um processo político verdadeiramente democrático.
O voto tomou o lugar da espada e da baioneta, e precisamos pensar nele enquanto uma conquista muito cara e importante para a verdadeira independência do povo brasileiro, que aos meus olhos, ainda não se realizou, mas que tem uma data marcada para começar: a próxima eleição.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Como ensinar a pescar


Tradicionalmente, a política republicana brasileira é marcada por práticas assistencialistas. Herdadas dos tempos dos coronéis, elas chegaram ao século XXI com novas roupagens e atualizações, e continuam se multiplicando através de uma série de “políticas públicas”.
Recentemente, a moça que faz coleta de materiais recicláveis em meu bairro veio aqui em casa e perguntou se meu candidato a vereador poderia pagar três contas de energia elétrica para ela. Juntas, somavam mais de R$170,00. A pergunta não me pegou de surpresa e de imediato expliquei que meu candidato a vereador não tinha esse tipo de prática eleitoreira, mas que ela devia procurar um dos atuais vereadores na câmara, contar de sua dificuldade em manter o sustento da casa e de seus três filhos coletando recicláveis e pedir para ela um emprego, uma ocupação, algo que lhe garantisse uma vida com mais qualidade.
Ela até demonstrou algum entusiasmo e disse que faria isso no mesmo dia. Caso eu não a encontre passando por essa rua, posso pensar muitas coisas, a primeira, que ela conseguiu uma ocupação diferente falando com o tal do vereador e assim, poderá mudar um pouco a condição de pobreza que vive; a segunda, que ela não gostou de minha sugestão e resolveu mudar de rua durante a coleta. A última, que foi atendida pelo vereador, recebeu o dinheiro para pagar seus impostos atrasados e vai continuar coletando recicláveis na sua carroça com seus dois meninos pequenos.
Ted Mundorf
http://www.allposters.com/-sp/Spear-Fisher-Posters_i8904532_.htm

Então, qual é o ponto de reflexão? Quero pensar sobre a necessidade de se elaborar políticas públicas sociais que conduzam a um tipo de prática e que as mesmas possam inserir essas pessoas, jovens e adultas no mercado de trabalho. Não é possível continuar vivendo uma política de “doação de peixe”. As políticas públicas sociais devem “ensinar a pescar”, instrumentalizando o povo para a construção de uma nova possibilidade de existência e afastando-o do espectro da submissão e miséria.
Exigir políticas públicas que "ensinem a pescar" é uma obrigação de cada cidadão. A política assistencialista não propicia bom crescimento, penalizando uma classe inteira com a alta dos impostos e deixando a outra à margem das decisões, mas muito próxima das espinhas intragáveis dos peixes doados.

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