No último desfile de 07 de
setembro, havia um homem na multidão coberto com a bandeira do Brasil, ele
perguntava aos gritos onde estava a independência do povo brasileiro, mas as
pessoas olhavam para ele e faziam de conta que era apenas mais um lunático das
ruas de Natal.
Eu vi o desfile cívico com a
imagem dele em minha cabeça e, ao longo das duas horas seguintes, fiquei
questionando se aquela celebração tinha qualquer relação com a nossa vida
política atual. No meio do povo, eu buscava imaginar se havia algum candidato
das próximas eleições da cidade, seja para a câmara ou para a Prefeitura. Mas
era muito difícil elaborar uma imagem assim na minha mente.
Aos poucos, o homem com a
bandeira nas costas e um discurso de indignação tomava mais espaço em minha
memória recente e despertava também várias reflexões sobre nosso processo
histórico e a participação popular na política cotidiana. Eu olhava para aqueles rostos no meio da
multidão e questionava se qualquer um deles sabia o valor de uma independência.
Em pouco tempo, meu entusiasmo de
neta de ex-combatente foi desaparecendo e a partir da história da luta do meu
avô junto a tantos outros pracinhas da FEB, pensei nas muitas outras lutas que
o Brasil assistiu nos últimos séculos em nome do ideal de liberdade e, mais uma
vez, refleti sobre a mudança operada na busca desse ideal.
As armas foram substituídas e os
defensores da nossa liberdade se multiplicaram aos milhões através do direito
de voto. Mas quantos sabem desse poder de mudança e transformação? Quantos
fazem uso dessa herança, que é fruto de muitas batalhas nos campos e nas
cabeças das pessoas?
O que eu gostaria de ver no
próximo dia 7 de outubro é um grito de independência dos eleitores potiguares
que nos liberte das antigas estruturas que perduram na história do Rio Grande
do Norte. As pessoas precisam incorporar a indignação daquele homem coberto
pela bandeira e usarem sua maior arma para provocar a mudança necessária e
criar um tempo novo, no qual os desmandos, a inércia, a corrupção, o nepotismo
sejam substituídos por um processo político verdadeiramente democrático.
O voto tomou o lugar da espada e da
baioneta, e precisamos pensar nele enquanto uma conquista muito cara e
importante para a verdadeira independência do povo brasileiro, que aos meus
olhos, ainda não se realizou, mas que tem uma data marcada para começar: a
próxima eleição.
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