segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Educação: uma barbárie anunciada

Hannah Arendt deu início a discussão sobre a crise da educação nos Estados Unidos e países desenvolvidos, mas desde 1968 o debate continua e Mattéi dá continuidade a esta polêmica questão. Para Jean-François Mattéi, a falência da educação moderna começa ainda dentro dos lares, quando as crianças, antes mesmo de ingressarem na educação infantil, já estão plugadas ao aparelho de TV tendo acesso imediato e livre ao mundo de imagens e tendo suas capacidades reduzidas de diferenciar o mundo real da realidade virtual.
Mattéi associa este contato da criança com o universo dos desenhos violentos, filmes e noticiários com o crescimento do vandalismo, agressões e assassinatos dentro destas escolas. Para ele, "a escola não tem que se abrir à vida, muito pelo contrário, ela tem que se abrir ao mundo". Em seguida ele destaca: "A vida na escola não é de forma alguma a escola da vida". A abertura da escola para a vida social foi o que a transformou no espaço da barbárie, já que ela reproduz a realidade fora da sala de aula.
Mattéi ainda realiza uma análise dos diversos conceitos sobre o que deve ser a escola e discute as ideias de Dewey, Durkheim, Levi-Strauss, Kant e Philippe Meirieu.
Não se sabe mais exatamente porque se ensina, o que se deve ensinar, o que preciso ensinar. É a sua maior provocação para todos nós educadores e gestores. Assim, toda barbárie é confusão ou volta ao caos e a barbárie da educação não foge à regra. O  autor afirma ainda que a cultura mais universal acaba sendo justamente a barbárie.
Recentemente acompanhamos no noticiário local algumas denúncias sobre as condições físicas das escolas do sistema público estadual. Algumas situações mostram as marcas do vandalismo, do desprezo pelos bens de uso coletivo e acima de tudo, a inércia na resolução de todas as dificuldades. Vivemos uma crise na educação potiguar mas que remete a um quadro mais geral e que se reflete em todos os estados brasileiros.
Na concepção de Mattéi, o professor não é mais um mestre e sim um emissor que codifica a mensagem, quanto à criança, ela foi reduzida a um sujeito receptor de informações. 
Sua crítica mais áspera se dirige ao sistema de avaliação. Segundo Mattéi, ele é deficitário por não abranger dentro de seus conceitos o que a criança sente. Nas suas palavras: "Avaliar não é educar, é dar um preço ao resultado de um procedimento conforme a utilidade social.
Para o pesquisador, o sujeito encontra-se enclausurado. A pedagogia moderna que chama aluno de discente e o mestre de docente deve reavaliar ambas as categorizações. É atribuída uma capacidade de discernimento a quem ainda não a tem ( a criança) e minimizada a importância dos saberes e da autoridade do professor. A escola virou o grupo-classe e o mestre, o animador da turma.
A pedagogia moderna ofereceu o modelo da gestão mental e o Openness school. Ambos são considerados falíveis: o primeiro centra a escola no sujeito, realizando o que conhecemos por nivelamento por baixo. O segundo apóia-se nas personalidades abertas favorecendo as idiossincrasias. Segundo Mattéi: "a doutrina da abertura programada mutila a criança, arruína o pensamento e destrói o princípio universal da escola.
O filósofo traça um paralelo com a escola contemporânea e a origem desta instituição na Grécia antiga com o filósofo Platão. Mattéi mostra a necessidade de se propor um ócio criativo, gerador de reflexões e a porta para o verdadeiro conhecimento.






sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Tem político que come pão com mortadela e tem quem ande de ônibus para impressionar o povo

Na história da política brasileira houve uma personagem bastante controvertida e que durante sua passagem meteórica pela presidência da República brasileira demonstrou como ser demagogo e populista ao mesmo tempo: Jânio da Silva Quadros.
A sua própria ascensão política, ainda dentro da UDN surpreendeu a todos e fez dele um fenômeno de popularidade e aceitação entre as classes populares. Dois episódios são bastante conhecidos e revelam o lado anedótico do exercício de alguns governantes. Comentam que Jânio tentava impressionar os trabalhadores comendo sanduíche de mortadela no meio da rua, outros dizem que ele espalhava um pó branco sobre os ombros para que os populares acreditassem que ele era um deles, sofria como eles e tinham os mesmos problemas, inclusive caspa.
Na História do Brasil algumas personagens políticas acabam fazendo tantas articulações indevidas e esquecem que ao final não resta outra coisa se não a saída do poder, seja por uma renúncia, seja por um impeachment, seja por uma derrota na eleição seguinte.
Não podemos dar crédito aquele que finge que tem caspa para provocar identificação nas massas, ou naquele que carrega embaixo do braço um pesado livro de um cientista social enquanto caminha, muito menos em quem anda de ônibus procurando demonstrar uma preocupação que nunca esboçou durante 3 anos de administração pública.
Forçar uma identidade é fingir que compartilha de determinados valores, aspirações e dificuldades, é iludir o povo e isso não pode ser compatível com a responsabilidade de fazer política. Por isso, quando souber de uma personagem que cria uma dada situação para comover ou convencer um grupo ou uma parte da sociedade, desperte sua consciência política e lembre-se que tem político que come pão com mortadela e tem quem ande de ônibus para impressionar o povo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Centro Histórico e Corredor Cultural de Natal: um roteiro para as férias

A história das cidades confunde-se com o processo de civilização da humanidade e desde a fundação de Jericó que elas são imortalizadas tanto pela sua trajetória quanto pela cultura que as permeia. E não é preciso viajar por estradas milenares ou caminhar em ruas centenárias para entender do que falo. Cada cidade tem dinâmicas sociais próprias que a caracterizam e a diferenciam de todas as outras. Com a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte não é diferente.
Fundada ainda no século XVI, Natal nasceu como reflexo das conquistas da União Ibérica diante do assédio de corsários e piratas. A sua origem seguindo um traçado urbano medievo-renascentista, muito diferenciava-se dos aldeamentos indígenas que preexistiam e também já sinalizava para as mudanças que a conquista ibérica provocaria no território do Rio Grande.
Apesar dos historiadores tradicionais, entre eles Câmara Cascudo insistirem que os primeiros habitantes do Rio Grande foram exterminados na Guerra dos Bárbaros ou fugiram para os territórios vizinhos diante do avanço da cana e do gado, hoje sabemos que o estado passa por um movimento de emergência étnica bem forte e que as ações afirmativas ganham terreno, trazendo mais luz para as questões que envolvem a formação do povo potiguar e aqui penso nos norte-riograndenses indígenas, negros, pardos e brancos.
A cidade é um tema privilegiado tanto nos estudos históricos quanto dentro da antropologia, mas é preciso que cada habitante também a conceba como um lugar de memória. A tarefa começa na escola com os estudos sobre a origem da cidade e seu desenvolvimento ao longo dos séculos, entretanto, é necessário que todos possam se deparar com sua historicidade e senti-la para que exista um processo de identificação que terá como resultado a compreensão da urgência de preservação e manutenção tanto de nossa cidade, quanto das práticas culturais que nela se expressam.
Convido você para fazer um roteiro diferente nas suas férias e conhecer mais o centro histórico e visitar o Corredor Cultural da cidade de Natal. Lembrando que todos somos sujeitos sociais e que a construção de nossa história é feita cotidianamente, por essa razão, conheça a sua cidade e defenda sua preservação.
Para começar o roteiro, sugiro a visita a mais antiga construção militar do Rio Grande do Norte e uma das mais bem preservadas do Brasil: A Fortaleza dos Reis Magos. Em 06 de janeiro de 1598 começou a ser edificada a construção da fortificação na boca da barra do rio Potengi. A primeira construção foi de pau-a-pique com varas. O engenheiro e padre Gaspar de Samperes é o responsável pela planta arquitetônica do projeto atual, com influência de estilo renascentista, a fortaleza tem sua planta assemelhada a uma estrela de cinco pontas. Francisco Frias de Mesquita foi o arquiteto-mor designado para supervisão da construção. A fortaleza dos Reis Magos é a primeira construção portuguesa erguida no Rio Grande do Norte.
A atual Praça André de Albuquerque é o lócus de fundação da cidade de Natal em 25 de dezembro de 1599. O centro da cidade seguiu um traçado urbano com as ruas estendendo-se ao redor da igreja matriz. Demorou bastante para Natal ter uma população maior do que muitas vilas do interior da província. Apenas no ano de 1902 ocorreu o povoamento da zona norte da cidade e da Ribeira. Em 1929 o então prefeito de Natal Omar O’ Grady convidou o arquiteto italiano Giacomo Palumbo para elaborar um plano de sistematização da expansão urbana de Natal. Nesta época a Ribeira despontava como o principal centro cultural e comercial da cidade e a Cidade Alta só retomaria seu papel privilegiado nas dinâmicas da cidade durante a segunda guerra mundial, ou seja, entre 1942 e 1945. Entretanto, os efeitos da presença das tropas aliadas no bairro e na cidade foram sentidas ao longo de muito tempo. A praça abriga um obelisco em homenagem aos revolucionários de 1817 entre eles, André de Albuquerque Maranhão, aristocrata potiguar que participou ativamente desta revolução, o mesmo encontra-se sepultado no interior da Igreja Matriz.
A segunda construção da cidade foi provavelmente a capela primitiva erguida no sítio no qual se encontra a antiga catedral de Natal. A Igreja Matriz Nossa Senhora da Apresentação foi o primeiro templo religioso construído na cidade. Sua fundação está associada ao surgimento da cidade no ano de 1599. Passou por várias reformas: em1619 estava pronta para abrigar os católicos moradores da cidade; De 1633 até 1654 foi transformada em templo calvinista em função da invasão holandesa.  No ano de 1694 sofreu uma nova reforma, após o incêndio provocado pelos holandeses. Em 1786 a igreja sofreu uma nova ampliação, relacionada ao crescimento da população da cidade. O ano de 1862 assinala a última ampliação e conclusão da atual fachada. Após minucioso processo de restauração na década de 1990, a igreja retomou suas feições barrocas. A visitação é bastante dificultada pois a igreja abre apenas no final da tarde para os ofícios religiosos, mas vale a pena observar sua fachada e identificar os elementos que foram utilizados em sua estrutura e que foram deixados em evidência para os interessados em sua história.
Com o crescimento da vida econômica no Rio Grande e o desenvolvimento da indústria açucareira, o tráfico de africanos e sua escravização também fez parte da história da antiga capitania. A presença de africanos escravizados e seus descendentes fazia parte do contexto social da época, como também as tentativas de aproximá-los do credo católico. Por essa razão, a segunda construção religiosa da cidade de Natal foi a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: foi construída na cidade provavelmente no ano de 1714, erguida com as contribuições dos escravos. Em estilo barroco, é considerada um marco da arquitetura colonial e expressão da fé católica entre os cativos da capitania e de suas irmandades religiosas.
A Igreja de Santo Antonio foi a terceira igreja católica construída na cidade de Natal, na segunda metade do século XVIII. Sua arquitetura segue o estilo barroco e apresenta um para-raio em forma de galo, sendo esta razão de também ser conhecida popularmente como Igreja do Galo.
Outro lugar de memória do centro histórico da cidade de Natal é o Memorial Câmara Cascudo: abrigou a antiga tesouraria de fazenda, entretanto, o prédio que vemos restaurado hoje  foi construído em 1875 em estilo neoclássico, onde antes havia o edifício do Real Erário no século XVIII. Funciona o Memorial em homenagem ao pesquisador e etnográfo Luis da Câmara Cascudo desde o ano de 1987. Cascudo foi uma das figuras que lutaram pela preservação e restauração do antigo prédio. Hoje encontra-se em exposição permanente obras, homenagens e iconografias do folclorista Câmara Cascudo.
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte ocupa o edifício construído em 1906 no estilo neoclássico. É a mais antiga instituição cultural do RN. Na sua entrada encontramos o pelourinho da cidade que data de 1732, e que ficava na antiga Rua Grande. Encontramos também os brasões do império e república em sua fachada. Outro artefato de grande importância é a Coluna Capitolina, doada pelo duce Benito Mussolini em comemoração ao reide aéreo realizado pelos pilotos italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin na década de 1930.
Na rua da Conceição encontra-se o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: O IPHAN. É o órgão federal responsável pela preservação e defesa do patrimônio cultural nacional. O prédio é uma construção em estilo colonial, considerado o melhor exemplar de arquitetura civil da cidade. O edifício atual ocupa o espaço do antigo Armazém real da Capitania do Rio Grande (século XVIII). É importante destacar que a construção já abrigou várias funções sendo seu último morador ilustre o Padre João Maria. A praça por trás da igreja Matriz N.S. da Apresentação possui uma hermida em homenagem ao padre e a sua atuação caridosa na cidade no começo do século XX.
O Museu Café Filho ocupa o sobradinho da rua Conceição que é uma construção tombada desde 1963. O prédio foi construído entre 1816-1820, pelo Capitão-Mor de milícias José Alexandre Gomes de Melo. É o primeiro sobrado particular erguido em Natal, sendo considerado um belo exemplar de arquitetura civil do período colonial. Popularmente é conhecido como véu de noiva graças ao telhado. Atualmente o prédio abriga o Museu Café Filho. Café Filho foi advogado envolvido com movimento sindicalista no estado e apoiou diretamente a Revolução de 1930. Amigo pessoal de Getúlio Vargas, foi seu vice-presidente e após seu suicídio, foi presidente do Brasil por um curto espaço de tempo. O museu apresenta parte de seu acervo, homenagens, condecorações, mobiliários e imagens de momentos marcantes de sua vida pessoal e da sua trajetória política.
Diante da Praça Sete de Setembro, também conhecida como praça dos três poderes, está o Palácio Potengi, conhecido como Palácio da Cultura. Construído em estilo neoclássico entre os anos de 1866-1873, por determinação do Presidente de Província Olinto José Meira para abrigar a Assembléia Legislativa e Tesouraria Provincial até 1902,  o prédio foi o palácio do governo de vários governantes entre eles Alberto Maranhão, Aluízio Alves e Wilma de Faria. Atualmente abriga a Pinacoteca do Estado. Este monumento é tombado desde 1965 e é o melhor exemplar do estilo neoclássico da cidade.
Do outro lado da praça avista-se o Palácio Felipe Camarão, sede da  Prefeitura de Natal. O prédio foi construído em 1922 em alusão ao centenário da Independência do Brasil no espaço da antiga Intendência Municipal. Apresenta estilo eclético, sendo também conhecido como bolo de noiva devido ao exagero de decorativismo.
No corredor da Junqueira Aires temos a Ordem dos advogados do Brasil. O prédio foi um projeto do arquiteto Herculano Ramos encomendado pelo então governador Alberto Maranhão. Sua construção teve  início no começo do século XX em estilo Art Nouveau para sediar o Congresso Legislativo do Estado. No ano de 1938 foi cedido pela Interventoria Federal para sediar o Tribunal de Justiça e desde o ano de 1978 é a sede da OAB no estado.
Ainda na Junqueira Aires surge a fachada da Capitania das Artes. No século XIX o prédio abrigou a sede da Capitania dos Portos e a Escola de Aprendizes Marinheiros até 1972. O edifício ficou abandonado por 20 anos. Apenas na década de 1990 houve uma restauração e recuperação da fachada original. Hoje é uma instituição cultural de relevância para a cidade de Natal.
A Casa de Câmara Cascudo foi construída pelo industrial Afonso Saraiva Maranhão em 1900 e vendida para o sogro de Cascudo em 1910. A casa é em estilo de chalé com influências do neoclássico. Nesta casa, Cascudo morou com sua esposa e filhos. Hoje abriga um centro de visitação de importante referência sobre a vida do estudioso potiguar: o Instituto Ludovicus.
Aproximando-se da Ribeira surge o Solar Bela Vista, uma construção do início do século XX, concebido como uma residência, e que foi sede provisória do Tribunal de Justiça do Estado, em seguida Hotel Bela Vista. Apresenta características do estilo neogótico e desde 1958 o prédio foi comprado pelo Sesi sendo hoje sede de um centro de cultura e lazer.
E finalizamos o roteiro na praça Augusto Severo, onde temos várias construções de destaque para a história tanto do bairro da Ribeira quanto para a história da cidade de Natal. A primeira construção é o Teatro Alberto Maranhão: obra iniciada pelo governador Ferreira Chaves no ano de 1898 foi concluído em 24 de março de 1904 com o nome de Teatro Carlos Gomes. Em 1910, o então governador Alberto Maranhão convidou o arquiteto Herculano Ramos para as obras de reforma do prédio. Nessa construção observamos a predominância do estilo eclético. O teatro foi reinaugurado em 19 de julho de 1912, apesar de uma grave crise econômica que se abatia sobre o estado do Rio Grande do Norte. Nele encontramos no frontão uma escultura realizada pelo francês Mathurin Moreau, simbolizando a arte. Em 1957 o teatro recebeu o nome de Alberto Maranhão.
No espaço antes ocupado pela antiga rodoviária surgiu o Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão. A construção original é no estilo arte decó e  guarda um rico acervo da cultura potiguar. Sua visita encerra o roteiro proposto mas não finaliza os modos de conhecer a cidade e a construção de uma identidade histórica, cultural e social.

Bibliografia consultada:

Fundação José Augusto. Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine. Personalidades históricas do Rio Grande do Norte. Século XVI a XIX. Natal: Fundação José Augusto, Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine, 1999.

MIRANDA, João Maurício Fernandes. Evolução Urbana de Natal e 400 anos: 1599-1999. Natal: João Maurício Fernandes Miranda, 1999.

NESI, Jeanne Fonseca Leite. OLIVEIRA, Hélio. Almeida, Ângela Maria de. Caminhos da arte. Natal: Cosern, 2001.

IPHAN. Patrimônio Cultural do Rio Grande do Norte. Natal: 4a SR;/3a SubR, s/ano



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-feira 13: sorte ou azar seu?

No ocidente é comum a crença de que a sexta-feira 13 seja um dia de agouro, má sorte e tristeza. Crescemos acompanhando o quanto as pessoas temem esse dia e também acompanhamos a apropriação que a cultura de massa, representada aqui pelo cinema, produz em torno dessa data, como o já considerado clássico filme dos anos 80, Sexta-feira 13. Na cultura popular, os contos infantis europeus oferecem um bom exemplo com a história da princesa que é amaldiçoada no berço pela 13ª fada e cai num sono profundo: A bela adormecida.
Entretanto, o que a maioria das pessoas desconhece é a simbologia por trás desse número e que é interessante conhecer. Eu mesma posso dizer que comecei a minha vida profissional sob os auspícios de uma sexta-feira 13, precisamente, dia 13 de março de 1992. Foi nessa data que comecei a trabalhar no Banco do Brasil e até hoje sou grata por aquele dia de sorte. Mas o número 13 tem de fato uma conotação bem particular na maioria das sociedades tradicionais e modernas.
Voltando ao seu simbolismo, Brenda Mallon, no seu livro Símbolos Místicos, afirma que a atribuição de azar para o número remonta aos tempos de Jesus Cristo, pois após sua morte, muitas pessoas associaram o seu destino ao fato de treze pessoas estarem sentadas à mesa para a última ceia. É também forte a relação criada entre o número e o discípulo Judas Iscariotes.
Para Mandred Lurker, em sua obra intitulada Dicionário de Simbologia, a crença que o número 13 enquanto signo do azar é comum em sociedades que possuem o sistema duodecimal, ou seja, dividem o dia em 12 horas e consideram esse número como perfeito, logo, o número 13 quebra com essa qualidade e se torna o seu oposto: o número da imperfeição, do erro, do mau agouro. Os chineses antigos tinham um 13º mês em seu calendário e o chamavam de "senhor dos apuros".
Entretanto outros povos viram qualidades positivas nesse número. Um bom exemplo é dos etruscos, povo que havitava a península itálica antes da ascensão dos latinos. Dentro do seu sistema de crenças, havia 6 pares de divindades que se tornavam perfeitas com a adição de um 13º deus, Tin, o celeste.
Um outro exemplo fornecido por Lurker vem da tradição religiosa judaica. Na cabala, uma parte mística do sistema religioso judaico, existem 13 fontes celestes e 13 portões de misericórdia. O mais importante rito de passagem entre os judeus, o bar mitzvá acontece quando o menino chega a idade de 13 anos.
Para finalizar, não podia esquecer as tradições religiosas da América pré-colombiana. Os maias, povos que habitaram a península de Yulcatã e parte do México, acreditavam que havia 13 deuses celestes que correspondiam às treze esferas celestes. Ou seja, para eles, o 13 sinalizava para o triunfo das forças do bem contra o mal. Agora, cada um pode decidir se a sexta-feira 13 é sorte ou azar seu.

Dia de Reis e os sentidos desse evento para nossa história

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