quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cascudo e os nomes da terra potiguar

Semanas atrás comprei um raro exemplar do livro Nomes da terra: História, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, de Luís da Câmara Cascudo. A edição é de 1968 e é até hoje a obra mais antiga sobre a origem dos municípios potiguares.
Muitos dos meus ex-alunos tanto da universidade pública quanto da privada, já me questionaram sobre o papel de Cascudo enquanto historiador. Eu sempre defendi que ele é de fato um pioneiro nas pesquisas etnográficas e um grande investigador da cultura popular brasileira.
Mas o ofício de historiador exige alguns conhecimentos específicos que são resultado de nossos estudos sobre  historiografia e  teoria histórica, que bem sabemos que o mestre Cascudo não teve acesso durante sua formação acadêmica. Mesmo assim, ninguém se compara ao seu grau de erudição e de interesse pela cultura do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Suas pesquisas com a aplicação de sua metodologia baseada na tradição oral forneceu pistas que outros seguiram e puderam realizar novos trabalhos, com um olhar mais aguçado pelas lentes da transição entre os séculos XX e XXI.
Algumas coisas ainda me incomodam quando lembro do papel de Cascudo para o Rio Grande do Norte. A primeira delas é o silêncio na maioria das áreas do saber acadêmico que tratam dos aspectos humanos de nossa história. Lembro que anos atrás orientei um aluno em um trabalho sobre crendices populares no futebol e quando o mesmo foi apresentar seu artigo acabou sendo criticado por uma professora da universidade pública por ter citado Cascudo em suas referências de estudo.
O segundo aspecto que muito me chama atenção é o quanto partes de sua obra são apropriadas por outros que dizem fazer algo inédito, quando na verdade apenas transcrevem ou fazem paráfrase sobre o que Cascudo já tinha escrito muitas décadas atrás. Até mesmo órgãos do governo, que deveriam dedicar algum tempo em fazer um levantamento sobre as fontes que tratam de nossa história, simplesmente copiam trechos cascudianos sem sequer citar a obra consultada.
Ainda ouviremos falar muito de Câmara Cascudo, entretanto o mais importante é que suas contribuições enquanto pesquisador sejam sempre valorizadas e conhecidas por todos nós através de uma divulgação coerente com os ofícios que o mestre da cultura desempenhou.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Revisão de História do Brasil: JULHO- 2012

A História do Brasil é item obrigatório em diferentes tipos de concursos, sejam os que garantem acesso nas universidades, ao Instituto Rio Branco (carreira de diplomacia) e Forças Armadas.
Aproveitando o recesso de julho, estou oferecendo o curso de História do Brasil. São dez encontros para discutir desde a administração colonial até o regime militar. 
A ideia é reunir pessoas que tenham os mesmos objetivos e que queiram discutir sobre a História do Brasil em grupo.
O grupo acerta antecipadamente, local, horário e garantimos uma revisão dinâmica, interativa, com recursos audiovisuais e questões para resolução.
O valor é cobrado por aluno o equivalente a hora/aula e pode receber um desconto para grupos formados por mais de 5 pessoas. Os interessados podem agendar comigo para discutir sobre custos, local das aulas e formas de pagamento.
 Será um grande prazer discutir mais de nossa história com você e seus amigos:
Andreia Mendes


Casa da Ciência: revisão de textos e co-orientação
casadaciencia.revisores@hotmail.com
84- 88123836
84- 88741869

Atendemos em Natal e Parnamirim/RN

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Nosso patrimônio, nossa responsabilidade: Fortaleza dos Reis Magos



Nunca aprendemos uma forma correta para denominar o mais antigo patrimônio imóvel do estado do Rio Grande do Norte. Na historiografia potiguar vemos as duas formas de denominação para a primeira construção militar na capitania do Rio Grande: Forte dos Reis Magos ou Fortaleza. Na verdade, acredito muito mais no termo fortaleza, pois designa uma construção com ocupação militar constante, enquanto um forte serve para as campanhas esporádicas ou sazonais.
Antigo paiol e capela. 2004

    A fortaleza foi criada durante o período da União Ibérica segundo as ordens do rei D. Felipe II no ano de 1598. O objetivo era conduzir à conquista da capitania com a pacificação dos povos indígenas e expulsão dos corsários estrangeiros. A primeira construção, segundo os historiadores tradicionais, foi feita de taipa, sendo depois substituída pela construção atual que é um projeto do padre Gaspar de Samperes e do arquiteto Francisco Frias de Mesquita.
4      Existem outras construções fortificadas ao longo do litoral brasileiro e que são anteriores a Fortaleza dos Reis Magos, entretanto, a fortaleza encontra-se em melhores condições de restauro e pronta para receber os visitantes.
5    A fortaleza teve papel fundamental no apaziguamento dos povos indígenas que habitavam as margens do rio Potengi e também foi crucial para a expulsão dos estrangeiros, o que favoreceu a formação do primeiro núcleo urbano e a fundação da cidade em 1599.
Castelo de Ceulen. Franz Post


1    Mesmo na dúvida em relação ao tipo de edificação militar, o mais importante é saber que a construção foi extremamente importante para a conquista e colonização do Rio Grande. Mesmo diante da fúria dos holandeses, ela resistiu. Na época uma prática comum na história era os conquistadores alterarem a toponímia dos lugares invadidos. No caso do domínio holandês, tanto a capital da capitania quanto sua maior construção arquitetônica militar tiveram seus nomes originais alterados. Alguns dizem que a mudança do nome foi para homenagear o capitão batavo que conduziu à invasão e aos poucos aprendemos que as grafias eram múltiplas: Keulen, Ceulen. A conquista da capitania do Rio Grande se estendeu de 1633 até o ano de 1654, quando os holandeses foram definitivamente expulsos e os Reis Magos retornaram para a sua moradia.
Barra do Rio Grande e fortaleza de Ceulen. Franz Post

3   Nesse ano anunciaram uma grande reforma na edificação mais antiga e importante para a história potiguar. Acredito que a iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com a IBRAM será de grande importância para melhoria da infraestrutura e que não deve deixar de atender os aspectos pedagógico e didático. A fortaleza dos Reis Magos é um lugar de memória e deve ser preservada e valorizada, não só para o turista, mas principalmente para o povo potiguar. Daí a importância de se conhecer o patrimônio local e de exigir do governo do estado políticas públicas que favoreçam nossa cultura e protejam nossos patrimônios. Apenas assim nossa identidade se fortalece e chegaremos ao futuro como um povo que soube cuidar de sua história.

Dia de Reis e os sentidos desse evento para nossa história

 Dia de Reis Magos e os sentidos desse evento para nossa história Está escrito no Evangelho de Mateus, 2:1, (...) eis que magos vieram do Or...