segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Para não perder as crianças de vista

Nos dez anos da implantação do Estatudo do Menor e do Adolescente, poucas mudanças podemos perceber em torno dos cuidados do Estado e da Sociedade Civil sobre as nossas crianças e jovens.
Num país de uma diversidade sócio-econômica tão grande, faltam políticas públicas e ações coordenadas que possam garantir os direitos da infância e juventude.
Os direitos básicos ao lazer, educação e saúde são negligenciados.
Vemos nossas crianças e jovens sem áreas para a prática de esportes em suas comunidades e bairros, como também não existem muitos projetos de incentivo à cultura nas periferias de nosso país. O lazer enquanto direito social é esquecido e a sua ausência empurra nossos jovens para a marginalização ou os transforma em reféns da programação televisiva.
O direito à educação é um direito fundamental e hoje representa a maior lacuna no processo de formação de nossa juventude. Faz parte da realidade da escola pública brasileira, estabelecimentos sucateados, profissionais pouco valorizados e mau pagos, professores desmotivados e acuados diante da violência escolar. Será que perdemos as nossas crianças de vista?
E sobre a saúde do jovem brasileiro? Os dados apontam para o crescimento do consumo de drogas, como também para o aparecimento de novos problemas, como as depressões, suicídio,bulimia e anorexia. Onde está a raiz de todo este problema?
Há mais de um século o conceito de infância não tinha sido desenvolvido, como o conhecemos hoje, mas o sociólogo francês Émile Durkheim já havia apontado em 1895, a sociedade como fonte dos problemas do individuo.
Falta muito para a sociedade brasileira e o Estado entenderem que as crianças devem ser prioridade, não apenas os jovens que temos em nossas casas, mas o olhar deve ser para cada menino e menina com quem nos deparamos, um olhar de doçura, compreensão e acolhimento.
Acredito muito na canção abaixo e hoje, Dia das Crianças, quero dedicá-la à esperança de que um dia não mais perderemos nossas crianças de vista.
Não Perca As Crianças De Vista
O RAPPA
Pra enxergar o infinito
Debaixo dos meus pés
Não basta olhar de cima
E buscar no escuro, no obscuro
A sombra que me segue todo dia
Deixo quietoe seguro as páginas dos sonhos que não li
E outra vez não me impeço de dormir
Os jornais não informam mais
E as imagens nunca são tão claras
Como a vidaVou aliviar a dor e não perder
As crianças de vista
Família, um sonho ter uma família
Família, um sonho de todo dia
Família é quem você escolhe pra viver
Família é quem você escolhe pra você
Não precisa ter conta sanguínea
É preciso ter sempre um pouco mais de sintonia

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TV DIGITAL: um espanto?

O ano era 1982 quando vi pela primeira vez aquela caixa brilhante no meio da sala. Confesso que aos cinco anos de idade não sabia exatamente do que tratava, mas percebia que era diferente do aparelho de rádio Canário, que minha avó materna guardava em seu quarto.
Enquanto do rádio ouvia apenas as vozes das pessoas, agora tínhamos uma caixa mágica com vozes e imagens; na minha percepção infantil, pensava que dentro dela moravam pequenas pessoas, que apareciam na tela quando girava o botão.
No ano de 1983 ganhamos nossa primeira tv preto e branco e fiz questão de passar horas escondida atrás da parede da cozinha, vigiando aquelas pessoas que eu sabia, chegavam de algum lugar, entravam pelos espaços da caixa e se apresentavam para todos nós.
Mas em pouco tempo já estava mais familiarizada e aprendi que o sinal de cada programa chegava até nossa televisão graças à antena que estava sobre a casa. Descobri também que aquelas pessoas, atores, atrizes, cantores, cantoras, apresentadores e apresentadoras, enquanto profissionais, gravavam programas que eram transmitidos pelas emissoras de televisão.
Bastaram dois ou três anos em contato com aquela nova mídia para perceber o seu funcionamento e entender a sua importância em nossas vidas, já que o tempo de nossa família era regulado pelos horários dos programas da tv.
Uma geração se passou e outras mídias surgiram ao longo dos últimos 25 anos, mas a nova tecnologia que atualmente me espanta chama-se tv digital.
O meu espanto reside nos discursos construídos sobre as possibilidades desta nova caixa mágica, desde ser utilizada enquanto ferramenta para o governo eletrônico e desenvolvimento da cidadania, como instrumento principal para o processo de inclusão digital e social, por último como um campo para a construção e socialização de saberes e de novos conhecimentos.
São muitas as expectativas elaboradas sobre esta nova tecnologia, mas poucas reflexões foram feitas sobre os outros usos possíveis da tv digital.
Além de servir aos interesses comerciais e financeiros, acredito que a tv digital pode transformar-se também num espaço para a comercialização de bens simbólicos, o que criará novos problemas para serem pensados pelos cientistas sociais e jornalistas.
Por enquanto, é só um susto de quem aos poucos descobre o que pode ser a tv digital. Vamos torcer para que ela não se torne um Leviatã.

Dia de Reis e os sentidos desse evento para nossa história

 Dia de Reis Magos e os sentidos desse evento para nossa história Está escrito no Evangelho de Mateus, 2:1, (...) eis que magos vieram do Or...