terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Os homens são como a Caixa de Pandora



Os gregos antigos criaram um sistema de crenças baseado num panteão de divindades e numa mitologia bastante enriquecida. Os mitos foram a primeira forma de explicação da realidade que os homens elaboraram, por esta razão é de capital importância examinar o conjunto dos mitos gregos para compreender os contextos de uma época.
De todos os mitos analisados por Thomas Bulfinch, no Livro de Ouro da Mitologia, a história de Prometeu e Pandora sempre me fascinou bastante. Prometeu representa a crença na humanidade, nos sonhos de crescimento e prosperidade que os homens alimentam sobre si mesmos. A confiança que todos precisam como estímulo inicial para suas vidas.
No mito, Prometeu cansado de ver a humanidade inerte, sobe aos céus e toma o fogo de um dos raios do sol para entregar aos homens. Estes, por sua vez, desenvolvem a metalurgia e passam a ter um domínio maior sobre a natureza, garantindo sua sobrevivência e independência em relação aos deuses do Olimpo.
Mas os deuses vendem quando ofertam qualquer coisa para os mortais, e por esta razão foi necessária articular uma punição divina, que veio para a terra, cheia de dons e foi chamada de Pandora. Portava uma caixa com maldições para a humanidade. Simbolicamente ela é o lado feminino da vida, puro, ingênuo e inconseqüente. Cabe-lhe como portadora da caixa revelar as mazelas que aguardam os homens.
Não seriam os próprios homens como a Caixa de Pandora? No mito clássico a caixa guardava a dor, a fome, a tristeza, o desespero e a morte. Na história podemos perceber a ingerência humana, o desrespeito à vida e acima de tudo o uso de um fogo que causa dor, que espalha a tristeza e consome as pessoas no desespero. Os gregos eram muito antropocêntricos para acreditar que a fonte do mal estivesse dentro da própria humanidade e escolheram algo como receptáculo deste mal e um agente, a mulher.
Entretanto, sabemos que a Caixa de Pandora sobrevive em cada homem e sempre há quem queira abri-la e espalhar mazelas pelo mundo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O desafio de Golias




Quando o mestre italiano Michelângelo Buonarroti esculpiu Davi, o representou no máximo de sua força íntima, no momento que o mesmo decide pela luta e munido de sua funda lança-se contra o gigante dos filisteus.
Esta história está narrada no livro I Samuel, do Velho Testamento e muitos ainda consideram Davi o herói dos hebreus. Davi encarnava a fragilidade da juventude com a crença num Deus capaz de cumprir a sua promessa, enquanto Golias, mesmo partilhando da mesma etnia semita do jovem Davi, era a barreira, o obstáculo para que a vontade de Javé fosse realizada em relação ao povo escolhido.
Nestes tempos difíceis, mais uma vez um jovem levanta-se contra seus irmãos, entretanto o gigante bíblico assume a feição do próprio povo judeu. A recente nação de Israel surge como Golias - voraz, impetuoso, combativo - ao jogar bombas sobre uma faixa de terra tantas vezes foco de uma disputa sem fim.
Quem é Golias? Quem é Davi? Quem encarna a força? Quem representa a fragilidade? Ao ver os tanques avançando pela Faixa de Gaza e as crianças palestinas revidando com pedras, percebe-se que há dinamicidade na história ao mesmo tempo que, a continuidade persiste. Novos atores, novos dramas, contudo as personagens ainda são as mesmas, apesar da inversão de papéis.
O desafio de Golias é impor uma nova ordem numa terra que não querem que seja partilhada. O posicionamento do mundo é olhar para aqueles que encarnam o jovem Davi e refletir em torno deste fato. Voltemos ao escultor italiano, teria ele a condição de imaginar ainda no século XVI que o pequeno pastor poderia metamorfosear-se num novo Golias? Este também é um desafio para a política internacional do século XXI.

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