Hannah Arendt deu início a discussão sobre a crise da educação nos Estados Unidos e países desenvolvidos, mas desde 1968 o debate continua e Mattéi dá continuidade a esta polêmica questão. Para Jean-François Mattéi, a falência da educação moderna começa ainda dentro dos lares, quando as crianças, antes mesmo de ingressarem na educação infantil, já estão plugadas ao aparelho de TV tendo acesso imediato e livre ao mundo de imagens e tendo suas capacidades reduzidas de diferenciar o mundo real da realidade virtual.
Mattéi associa este contato da criança com o universo dos desenhos violentos, filmes e noticiários com o crescimento do vandalismo, agressões e assassinatos dentro destas escolas. Para ele, "a escola não tem que se abrir à vida, muito pelo contrário, ela tem que se abrir ao mundo". Em seguida ele destaca: "A vida na escola não é de forma alguma a escola da vida". A abertura da escola para a vida social foi o que a transformou no espaço da barbárie, já que ela reproduz a realidade fora da sala de aula.
Mattéi ainda realiza uma análise dos diversos conceitos sobre o que deve ser a escola e discute as ideias de Dewey, Durkheim, Levi-Strauss, Kant e Philippe Meirieu.
Não se sabe mais exatamente porque se ensina, o que se deve ensinar, o que preciso ensinar. É a sua maior provocação para todos nós educadores e gestores. Assim, toda barbárie é confusão ou volta ao caos e a barbárie da educação não foge à regra. O autor afirma ainda que a cultura mais universal acaba sendo justamente a barbárie.
Recentemente acompanhamos no noticiário local algumas denúncias sobre as condições físicas das escolas do sistema público estadual. Algumas situações mostram as marcas do vandalismo, do desprezo pelos bens de uso coletivo e acima de tudo, a inércia na resolução de todas as dificuldades. Vivemos uma crise na educação potiguar mas que remete a um quadro mais geral e que se reflete em todos os estados brasileiros.
Na concepção de Mattéi, o professor não é mais um mestre e sim um emissor que codifica a mensagem, quanto à criança, ela foi reduzida a um sujeito receptor de informações.
Sua crítica mais áspera se dirige ao sistema de avaliação. Segundo Mattéi, ele é deficitário por não abranger dentro de seus conceitos o que a criança sente. Nas suas palavras: "Avaliar não é educar, é dar um preço ao resultado de um procedimento conforme a utilidade social.
Para o pesquisador, o sujeito encontra-se enclausurado. A pedagogia moderna que chama aluno de discente e o mestre de docente deve reavaliar ambas as categorizações. É atribuída uma capacidade de discernimento a quem ainda não a tem ( a criança) e minimizada a importância dos saberes e da autoridade do professor. A escola virou o grupo-classe e o mestre, o animador da turma.
A pedagogia moderna ofereceu o modelo da gestão mental e o Openness school. Ambos são considerados falíveis: o primeiro centra a escola no sujeito, realizando o que conhecemos por nivelamento por baixo. O segundo apóia-se nas personalidades abertas favorecendo as idiossincrasias. Segundo Mattéi: "a doutrina da abertura programada mutila a criança, arruína o pensamento e destrói o princípio universal da escola.
O filósofo traça um paralelo com a escola contemporânea e a origem desta instituição na Grécia antiga com o filósofo Platão. Mattéi mostra a necessidade de se propor um ócio criativo, gerador de reflexões e a porta para o verdadeiro conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário