domingo, 1 de maio de 2011

O "bullying" é coisa de gente grande?

Hoje recebi uma tarefa complicada: falar sobre o bullying em sala de aula. Demorei um pouco para responder a primeira pergunta e depois percebi que minha relutância em pressionar a primeira tecla estava justamente atrelada ao que impede todos nós de seguir adiante no debate deste tema: a vergonha.
É claro que quando criança sofri alguns tipos de humilhações e agressões que hoje são denominadas de "bullying". Aliás, poderíamos começar justamente substituindo este termo por outro mais realista e bem conhecido em nosso idioma: violência.
O "bullying" se traduz numa violência que tanto pode ser física, quanto verbal ou simbólica. E antes mesmo de acreditar que nossa juventude vive uma nova fase de desconhecimento em torno de alguns valores como respeito e tolerância, podemos recorrer à nossa memória e lembrarmos de algumas situações que vivemos em nossa vida escolar e que foram marcadas pela chacota diante de alguma limitação nossa, da atribuição de apelidos, de pequenas agressões realizadas às escondidas e bem longe dos olhos dos adultos. Nas escolas que passei tanto na década de 1980 quanto na década de 1990, pude assistir muito desta violência gratuita e consentida.
Procurando um distanciamento da problemática e pensando um pouco como antropóloga e historiadora, acredito que o que nos falta é mais relativismo. A palavra pode parecer muito academicista, mas é bastante reveladora de nossa primeira necessidade: precisamos respeitar e entender o outro. O que vemos é o quanto o etnocentrismo nos envolve ao ponto de marcarmos a diferença pelo braço forte da agressão.
Os estudantes que praticam esta violência escolhem sempre aquele que eles julgam ser  diferente do seu grupo, quando na verdade, as semelhanças são o que mais temos em comum enquanto grupos humanos.
 Não preciso aqui fazer uso dos estereótipos, até porque todos nós os conhecemos, mas precisamos alertar as famílias, as escolas e as autoridades políticas que é necessário uma cultura do respeito e da tolerância à diferença. Enquanto não nos enxergarmos dentro de nossa humanidade, continuaremos agindo pelo pré-conceito e plantando o ódio e a violência. "Bullying" não é coisa de gente grande, mas precisa ser debatido por todos nós e banido de nossa sociedade.

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