terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Reflexões históricas sobre a educação feminina


 Atualmente as mulheres lideram as estatísticas do grupo mais escolarizado do país, principalmente na zona urbana. Meu artigo tem por objetivo discutir como chegamos a esse nível e quanto ainda é necessário para que nos livremos das amarras impostas pelo patriarcalismo, machismo e preconceito. 

Retrato de Emma Hamilton. Joshua Reynolds.


A escolarização feminina passou a ser defendida a partir de seu engajamento político nas revoluções do século XVIII e no século seguinte, filósofos como Marx, Engels e Stuart Mill defendiam a educação da mulher patrocinada pelo Estado. No final do século XIX e começo do século XX, as mulheres começam a luta política pelos seus direitos trabalhistas e civis e iniciam um forte movimento que resultou na sua inserção no sistema educacional e no reposicionamento no mercado de trabalho, entretanto, ainda como uma cidadã de segunda classe.
 Podemos afirmar que a escola nova integrou definitivamente a mulher na escola e desde então, sua presença cresceu expressivamente, mas ainda presa a muitas amarras sociais.
No Brasil, a educação feminina no período colonial era reservada para as moças educadas nos conventos, não existindo qualquer tipo de educação formal voltada para as meninas. Apenas em 1808 são abertas as primeiras escolas leigas voltadas para educação das filhas da elite. Havia também a possibilidade de se contratar uma preceptora para educar a menina embaixo dos olhos do pai. No ano de 1846 é fundada a 1ª Escola Normal de São Paulo, mas apenas em 1875, as mulheres ganham o direito de frequentá-las. Entretanto, é ainda no final do século XIX que a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro aceita a matrícula da primeira mulher, no ano de 1881.
No começo do século XX, poucas meninas e moças tem acesso a qualquer tipo de ensino, apenas na década de 1930, época da divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação, algumas mulheres começam a frequentar os cursos universitários. Até os anos 50, muitas terminam o ensino médio.
A construção de estereótipos é realizada na família, na escola, na religião, nos meios de comunicação de massa, nas leis, na literatura e na profissão, por essa razão, não é a escola o único espaço de reprodução das desigualdades sociais. Da segunda metade do século XX até os dias atuais, as mulheres continuam insistindo em sua escolarização e de suas filhas, mas permanecem os antigos problemas, como a discriminação salarial, o preconceito e a violência simbólica exercida nos espaços de trabalho.
Segundo Aranha (1990:96), o processo de inferiorização da mulher é muito antigo e bastante marcado pela persistência de três sistemas de dominação: o racismo, o patriarcalismo e o capitalismo. Hoje é preciso rever esses conceitos e aprimorar a luta pela igualdade dos sexos não apenas na forma da Lei, mas através de uma educação que ultrapasse as antigas barreiras e forneça à mulher não apenas uma educação de qualidade, mais qualidade de vida e de oportunidades.

Esse artigo faz parte de meus estudos sobre o processo de educação no Brasil. Favor citar da seguinte forma: MENDES, Andreia Regina Moura. Reflexões históricas sobre a educação feminina. Disponível em:www.historiandoantropologicamente.blogspot.com. Acesso: data de leitura.

Dúvidas? @AndreiaReginaBr

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