O ano de 2011 já está acabando e precisamos refletir sobre o que fizemos para melhorar a educação. Os leitores professores podem pensar que bastava ministrar boas aulas ou, como ainda dizem alguns, passar o conteúdo. Os leitores alunos imaginam que entregar as atividades em dia e garantir boas notas também seria suficiente. Já os leitores pais de alunos acreditam que ter incentivado as habilidades de seus filhos e acompanhado seu desenvolvimento na escola ou faculdade estava de bom tamanho.
Na verdade, precisamos lembrar que a educação é o mais forte elemento de mudança social, mas como preconiza Pierre Bordieu nos seus Escritos de educação, a educação ainda está longe de oferecer a mobilidade social que precisamos em todo mundo, principalmente nos países periféricos como o Brasil. Ela ainda é uma cultura aristocrática e que atinge de forma mais eficiente a classe média e a classe rica.
Podemos acompanhar esse cenário de pouca mobilidade quando nos remetemos às universidades públicas e escolas federais e notamos que grande parte do seu alunado é composta por uma camada que recebeu uma educação diferenciada, partilhando um "capital cultural" e um ethos familiar que favoreceram sua entrada no ensino público de qualidade.
É claro que não há nenhum mal nisso, o único problema é que enquanto algumas classes reforçam um tipo de atitude relativa ao processo de educação formal, valorizando os estudos e as formações complementares, uma grande parcela da população continua alheia a esses valores e esquece de desejar e exigir uma educação de qualidade.
Minhas palavras não são baseadas apenas nas teorias que li. Na minha breve passagem pelo ensino público estadual me deparei com alunos esforçados e comprometidos com sua formação e hoje fico feliz em vê-los cursando faculdades, tanto em universidades públicas quanto privadas. Mas também havia aqueles que achavam que a melhor expectativa de vida que poderiam almejar era terminar o ensino médio e serem absorvidos pelo comércio local ou pelo sistema fabril. Infelizmente essa camada era a maioria.
Mas como podemos alterar esse quadro? Segundo o próprio Bordieu, o desejo razoável de ascensão social não pode existir se não houver chances reais de sucesso. Em outras palavras, as pessoas precisam perceber que a educação formal lhes dará uma certeza de ascensão social e de melhor qualidade de vida para si e para os outros. É nesse momento que precisamos reforçar a importância da elaboração de políticas públicas que possam garantir tanto um ensino público de qualidade para todos quanto um espaço para crescimento e desenvolvimento dentro da sociedade. Até porque a vida e o sonho são feitos dos mesmos materiais que tecem a realidade. O meu pedido de natal para o próximo tempo: melhor educação para todos.
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