Como natalense sempre ouvi queixas de muitas pessoas sobre os poucos programas culturais que a cidade nos oferece. Existem até aqueles que dizem preferir a cidade de Recife, enquanto pólo cultural e outros dizem que no eixo Rio de Janeiro-São Paulo é possível ver o mundo e muito de nós mesmos.
Eu já tive a oportunidade de vivenciar muitas experiências culturais. Começando por uma exposição sobre os Cavaleiros Templários, na fortaleza da cidade de Lagos, Portugal. Na Austrália, pude mergulhar na cultura nórdica com uma exposição no Maritime Museum em Sydney sobre os vikings. Também me encantei com a exposição Deuses Gregos, exposta na FAAP, na capital paulista. Lembro da visitação ao recém inaugurado Instituto Ricardo Brennand, em Recife e a possibilidade única de ver a obra de Albert Eckout no seu olhar sobre o Brasil holandês.
Entretanto o que despertou minha atenção e ocupou meus sentidos foi a Mostra Jean Rouch, exibida no Auditório do Sebrae, situado na Avenida Lima e Silva.
Durante seis dias foram apresentados mais de 35 filmes e documentários que apresentaram a importância da obra de Jean Rouch para a construção de um cinema etnográfico documentando de forma ficcional a realidade africana.
Na última sexta-feira pude me deliciar com Petit a Petit, produzido entre os anos de 1968 e 69, e mergulhar na cultura funerária dos Dogons com L'enterrement du Hogon e com Le Dama d'Ambara. E quantos mais desfrutaram destas obras do cinema francês e da visão do etnógrafo Jean Rouch? Naquela sexta-feira havia aproximadamente 12 pessoas no auditório do Sebrae. Apenas 12 pessoas aproveitaram naquela noite a mostra Jean Rouch e pelo o que conversei com um professor da UFRN, o público tinha sido pequeno em todos os outros dias.
Anos atrás precisávamos viajar para outros estados, regiões, países para desfrutar de boas mostras e exposições, mas quando as temos em nossa cidade apenas uns poucos percebem a importância disso.
O público natalense precisa despertar para o mundo, e enxergar além das fronteiras desta pequena província. O mundo nos é trazido e escondemos nossa cabeça dentro de um buraco? Jean Rouch me mostrou novos cenários e novas possibilidades do fazer artístico, principalmente sobre como fazer cinema, mas também mostrou que o natalense precisa muito perceber-se e encontrar-se além dos seus limites.
Esse blog foi criado em 2007 com o nome de Clube de Clio. Agora ele ganhou um novo título e outro endereço para marcar melhor meus pertencimentos e interesses de ensino, pesquisa e escrita. Os esquemas explicativos, resumos e resenhas de livros utilizados nas aulas são o foco da produção, mas também vai encontrar resenhas, artigos de opinião, críticas de filmes, orientações metodológicas e ensaios. É um prazer ter você aqui e sinta-se à vontade.
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