O que proponho é fazer um breve paralelo, tendo cuidado com os anacronismos, entre duas populações de duas distintas cidades: Paris pré-revolucionária e Natal grevista. Ambas sofriam o mesmo mal: eram governados por cabeças ineptas. E como se não bastasse, apesar das duas cidades possuírem muitas belezas, o seu povo estava entregue aos ratos (Paris) e ao mosquito da dengue (Natal).
Os leitores podem pensar que existem poucos aspectos em comum que ligam as histórias de lugares tão distantes no tempo e no espaço, mas podemos afirmar que tanto os parisienses do século XVIII quanto os natalenses do século XXI possuem o mesmo problema: a insatisfação com a política local.
Ao contrário dos parisienses, que insuflados pela burguesia, pegaram nas armas e lutaram com sua força para deter os desmandos da dinastia francesa, nós natalenses podemos utilizar de outras armas, tão eficazes quanto as antigas e já ultrapassadas baionetas e canhões. Nossa arma é a mobilização política.
Os franceses revoltosos de séculos atrás reuniam-se no Campo de Marte para discutir a ausência de um diálogo entre o governo e os súditos prejudicados, naquele caso representados pelo 3º estado. E os natalenses? Onde devem se reunir? Em cada rua, cada esquina, cada canto que exija uma ação política eficaz.
Mesmo que tenha sido inventada pelo povo a anedota que a rainha da França Maria Antonieta, diante dos pedidos do povo por pão, teria dito que comessem brioches, Natal inteira sabe que a prefeita decretou que todos os transportes particulares fizessem um cadastramento para amenizar os prejuízos da população da capital com a greve dos motoristas e cobradores dos transportes públicos. E como a monarca francesa, a prefeita eleita por todas as classes sociais da capital potiguar ri de nossas dificuldades e internamente diz: "Se o povo não tem ônibus, que vá de taxi".
Esse blog foi criado em 2007 com o nome de Clube de Clio. Agora ele ganhou um novo título e outro endereço para marcar melhor meus pertencimentos e interesses de ensino, pesquisa e escrita. Os esquemas explicativos, resumos e resenhas de livros utilizados nas aulas são o foco da produção, mas também vai encontrar resenhas, artigos de opinião, críticas de filmes, orientações metodológicas e ensaios. É um prazer ter você aqui e sinta-se à vontade.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
O "bullying" é coisa de gente grande?
Hoje recebi uma tarefa complicada: falar sobre o bullying em sala de aula. Demorei um pouco para responder a primeira pergunta e depois percebi que minha relutância em pressionar a primeira tecla estava justamente atrelada ao que impede todos nós de seguir adiante no debate deste tema: a vergonha.
É claro que quando criança sofri alguns tipos de humilhações e agressões que hoje são denominadas de "bullying". Aliás, poderíamos começar justamente substituindo este termo por outro mais realista e bem conhecido em nosso idioma: violência.
O "bullying" se traduz numa violência que tanto pode ser física, quanto verbal ou simbólica. E antes mesmo de acreditar que nossa juventude vive uma nova fase de desconhecimento em torno de alguns valores como respeito e tolerância, podemos recorrer à nossa memória e lembrarmos de algumas situações que vivemos em nossa vida escolar e que foram marcadas pela chacota diante de alguma limitação nossa, da atribuição de apelidos, de pequenas agressões realizadas às escondidas e bem longe dos olhos dos adultos. Nas escolas que passei tanto na década de 1980 quanto na década de 1990, pude assistir muito desta violência gratuita e consentida.
Procurando um distanciamento da problemática e pensando um pouco como antropóloga e historiadora, acredito que o que nos falta é mais relativismo. A palavra pode parecer muito academicista, mas é bastante reveladora de nossa primeira necessidade: precisamos respeitar e entender o outro. O que vemos é o quanto o etnocentrismo nos envolve ao ponto de marcarmos a diferença pelo braço forte da agressão.
Os estudantes que praticam esta violência escolhem sempre aquele que eles julgam ser diferente do seu grupo, quando na verdade, as semelhanças são o que mais temos em comum enquanto grupos humanos.
Não preciso aqui fazer uso dos estereótipos, até porque todos nós os conhecemos, mas precisamos alertar as famílias, as escolas e as autoridades políticas que é necessário uma cultura do respeito e da tolerância à diferença. Enquanto não nos enxergarmos dentro de nossa humanidade, continuaremos agindo pelo pré-conceito e plantando o ódio e a violência. "Bullying" não é coisa de gente grande, mas precisa ser debatido por todos nós e banido de nossa sociedade.
É claro que quando criança sofri alguns tipos de humilhações e agressões que hoje são denominadas de "bullying". Aliás, poderíamos começar justamente substituindo este termo por outro mais realista e bem conhecido em nosso idioma: violência.
O "bullying" se traduz numa violência que tanto pode ser física, quanto verbal ou simbólica. E antes mesmo de acreditar que nossa juventude vive uma nova fase de desconhecimento em torno de alguns valores como respeito e tolerância, podemos recorrer à nossa memória e lembrarmos de algumas situações que vivemos em nossa vida escolar e que foram marcadas pela chacota diante de alguma limitação nossa, da atribuição de apelidos, de pequenas agressões realizadas às escondidas e bem longe dos olhos dos adultos. Nas escolas que passei tanto na década de 1980 quanto na década de 1990, pude assistir muito desta violência gratuita e consentida.
Procurando um distanciamento da problemática e pensando um pouco como antropóloga e historiadora, acredito que o que nos falta é mais relativismo. A palavra pode parecer muito academicista, mas é bastante reveladora de nossa primeira necessidade: precisamos respeitar e entender o outro. O que vemos é o quanto o etnocentrismo nos envolve ao ponto de marcarmos a diferença pelo braço forte da agressão.
Os estudantes que praticam esta violência escolhem sempre aquele que eles julgam ser diferente do seu grupo, quando na verdade, as semelhanças são o que mais temos em comum enquanto grupos humanos.
Não preciso aqui fazer uso dos estereótipos, até porque todos nós os conhecemos, mas precisamos alertar as famílias, as escolas e as autoridades políticas que é necessário uma cultura do respeito e da tolerância à diferença. Enquanto não nos enxergarmos dentro de nossa humanidade, continuaremos agindo pelo pré-conceito e plantando o ódio e a violência. "Bullying" não é coisa de gente grande, mas precisa ser debatido por todos nós e banido de nossa sociedade.
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