Na atualidade, lançamos um olhar ao nosso redor e vemos uma juventude mais diferente e plural do que a da última geração. São diversas tribos, ethos e maneiras de viver que se cruzam e se chocam na dinamicidade da sociedade da informação.
Entretanto, alguns questionamentos podem ser levantados. Entre eles se encontra uma pergunta bem original: a categoria juventude sempre existiu? A juventude tem o seu aparecimento somente no século XVII com o surgimento das primeiras escolas. Segundo os historiadores, foi neste momento que o limite entre o mundo infanto-juvenil e o mundo adulto ficou mais definido. As escolas são as responsáveis pela criação da cultura jovem e até hoje estão relacionadas com a manutenção deste cenário, agora diante de diferentes atores sociais. Assim, juventude é uma categoria nova nas sociedades ocidentais.
A noção de juventude está relacionada não apenas com a idade biológica, mas também com a idade social. Por essa razão, é um objeto de reflexão muito complexo. Esta noção vem sendo elaborada e examinada pelas ciências sociais desde o começo do século XX.
Um estudo clássico da antropologia sobre a vida juvenil foi realizado pela pesquisadora americana Margarete Mead, nas ilhas Samoa. Desde então, diversos estudiosos dedicaram-se ao estudo atento dessa categoria.
A juventude vem sendo objeto de estudo das ciências sociais por muito tempo. Pierre Bourdieu afirmou certa vez numa entrevista que a juventude era apenas uma palavra, o que levantou um debate sobre as possibilidades desta categoria ser algo além de uma construção social criada a partir dos conflitos entre novos e velhos.
Quando falamos em juventude precisamos lembrar que esta categoria não é composta por um grupo homogêneo. Existem diferenças entre a noção de juventude dentro das classes sociais, dentro dos gêneros e também em relação as faixas etárias.
Vamos tomar como exemplo as diferenças entre as classes sociais; nós temos duas situações diferentes para analisar: o jovem da classe popular ele faz sua entrada no mundo adulto ainda muito cedo. Com a sua entrada no mercado de trabalho de forma ainda precoce, logo ele assume as responsabilidades do mundo dos adultos e tem a sua maturidade antecipada. Este jovem fica menos tempo na escola e casa mais cedo, sendo também os pais mais jovens dentre os outros jovens. Ele é considerado um “jovem não juvenil”.
Quanto ao jovem das classes média e alta, temos um novo fenômeno, examinado pela sociologia e antropologia. A chamada geração Z, ou seja, os nascidos a partir da década de 80, constituem um grupo que posterga a sua entrada na maturidade social, graças a uma série de condições que favorecem um maior tempo de estudo e um planejamento mais demorado para o ingresso na vida adulta. Este jovem vem adiando cada vez mais a saída da casa dos pais como uma forma de evitar assumir determinadas responsabilidades e aproveitar de forma mais intensa as vantagens que o mundo dos solteiros pode oferecer.
Muitos destes jovens das classes média e alta, quando enquadrados em um critério etário, não são mais tão jovens, mas permitem demorar-se curtindo a sua “juventude”. Segundo alguns autores, eles seriam “não jovens juvenis”.
O mais importante é lembrar que não existe uma única definição sobre o papel do jovem na atual sociedade. Podemos acreditar que todas as formas de viver são possíveis, desde que a autonomia e o desenvolvimento humano seja assegurado para esta categoria que é a construtora do hoje.
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