Nos dez anos da implantação do Estatudo do Menor e do Adolescente, poucas mudanças podemos perceber em torno dos cuidados do Estado e da Sociedade Civil sobre as nossas crianças e jovens.
Num país de uma diversidade sócio-econômica tão grande, faltam políticas públicas e ações coordenadas que possam garantir os direitos da infância e juventude.
Os direitos básicos ao lazer, educação e saúde são negligenciados.
Vemos nossas crianças e jovens sem áreas para a prática de esportes em suas comunidades e bairros, como também não existem muitos projetos de incentivo à cultura nas periferias de nosso país. O lazer enquanto direito social é esquecido e a sua ausência empurra nossos jovens para a marginalização ou os transforma em reféns da programação televisiva.
O direito à educação é um direito fundamental e hoje representa a maior lacuna no processo de formação de nossa juventude. Faz parte da realidade da escola pública brasileira, estabelecimentos sucateados, profissionais pouco valorizados e mau pagos, professores desmotivados e acuados diante da violência escolar. Será que perdemos as nossas crianças de vista?
E sobre a saúde do jovem brasileiro? Os dados apontam para o crescimento do consumo de drogas, como também para o aparecimento de novos problemas, como as depressões, suicídio,bulimia e anorexia. Onde está a raiz de todo este problema?
Há mais de um século o conceito de infância não tinha sido desenvolvido, como o conhecemos hoje, mas o sociólogo francês Émile Durkheim já havia apontado em 1895, a sociedade como fonte dos problemas do individuo.
Falta muito para a sociedade brasileira e o Estado entenderem que as crianças devem ser prioridade, não apenas os jovens que temos em nossas casas, mas o olhar deve ser para cada menino e menina com quem nos deparamos, um olhar de doçura, compreensão e acolhimento.
Acredito muito na canção abaixo e hoje, Dia das Crianças, quero dedicá-la à esperança de que um dia não mais perderemos nossas crianças de vista.
Não Perca As Crianças De Vista
O RAPPA
Pra enxergar o infinito
O RAPPA
Pra enxergar o infinito
Debaixo dos meus pés
Não basta olhar de cima
E buscar no escuro, no obscuro
A sombra que me segue todo dia
Deixo quietoe seguro as páginas dos sonhos que não li
E outra vez não me impeço de dormir
Os jornais não informam mais
E as imagens nunca são tão claras
Como a vidaVou aliviar a dor e não perder
As crianças de vista
Família, um sonho ter uma família
Família, um sonho de todo dia
Família é quem você escolhe pra viver
Família é quem você escolhe pra você
Não precisa ter conta sanguínea
É preciso ter sempre um pouco mais de sintonia