terça-feira, 26 de março de 2019

A formação do pensamento filosófico ocidental: os pré-socráticos


FILOSOFIA
Aula ministrada para as turmas da 3ª série do Ensino Médio
Professora Doutora Andreia Mendes


1-      A tradição filosófica do ocidente
          Nascimento da filosofia na Grécia: séculos VII e VI a. C.
          Berço da filosofia: Éfeso, Mileto e Samos.
          Primeiro filósofo: Tales de Mileto.
          Criação das bases da ciência experimental moderna.
          A filosofia grega adaptou as formulações da religião e dos mitos para uma forma de pensamento laico e abstrato.
          Despersonalização das representações míticas: racionalização do mito.
          Há muitas lacunas, imprecisões e esquecimentos sobre a origem da filosofia.
          Na opinião de Michel de Onfray a história da filosofia grega é platônica como a historiografia do ocidente.
          Domínio do Idealismo: o idealismo acredita que o corpo tem existência ideal no espírito; as ideias são entes existentes e os corpos são meras ilusões.
          A filosofia exige argumentos sólidos e justificativas convincentes.
2-      A physis
       Termo usado pelos pré-socráticos que significa natureza, no sentido de essência material de todas as coisas. Ela é o elemento primordial de tudo o que existe.
       A questão sobre a origem do universo foi primeiro respondida pelos mitos e depois pela reflexão, inaugurando o pensamento filosófico.
       A partir do conceito da physis, a filosofia tentou pensar o todo, a totalidade.
       Os primeiros pensadores são chamados de físicos.
       Tales de Mileto: a arché, o princípio de todas as coisas era a água, o úmido.
       Para Aristóteles, Tales de Mileto foi o fundador da filosofia cosmológica, com o seu conhecimento racional da ordem do mundo, da natureza do cosmos.
3-      As influências do Oriente na filosofia grega
       Astronomia caldeia- Mesopotâmia.
       Medicina chinesa.
       Matemática egípcia.
       Filosofia dos gimnosofistas indianos.
       Reconhecimento das fontes, das influências, impressões marcantes e determinantes de outros povos na filosofia grega.
4-      Períodos da filosofia grega
       A filosofia fazia parte de um corpo de conhecimento que incluía Física, Matemática, Astronomia, Geometria, entre outros.
       Período pré-socrático- VII-VI a. C. (cosmológico): de Tales de Mileto até Sócrates.
ü  Explicação do universo por princípios elementares: água, o fogo, etc.
       Período socrático (antropológico ou clássico): de Sócrates até Aristóteles.
ü  Uso das explicações metafísicas, ou das ideias.
       Período helenístico (greco-romano): epicurismo, estoicismo, neoplatonismo e ceticismo, até o Império Romano.
ü  Explicações a partir das questões de caráter moral.

5-      Tales de Mileto
       624 a. C. 546 a. C. Mileto.
       Buscou explicações racionalistas e naturais.
       Não há textos conhecidos.
       Referência em Aristóteles e Diógenes.
       Teria aprendido geometria no Egito.
       Professor de Anaximandro.
       Para ele, eram as boas condições de tempo que geravam boas colheitas, não as súplicas aos deuses.
       Matéria básica do cosmos: água.

6-      Anaximandro de Mileto
       610 a.C. – 547 a. C.
       Discípulo e sucessor de Tales.
       A origem de tudo (arché) é o apeirón, o ilimitado, que não tem contorno.
       Escreveu a primeira obra filosófica em língua grega (desaparecida).
       Foi o primeiro a utilizar o termo “princípio”.

7-      Heráclito de Éfeso
       540 a. C.- 470 a.C.
       Origem aristocrata.
       Descendente do fundador da cidade de Éfeso, Jônia (atual Turquia).
       Recusava-se a participar da política.
       Despreza o povo, os poetas Hesíodo e Homero e o pensamento de Pitágoras.
       Formulou o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas transitórias.
       Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo. O mundo é o eterno devir.
O logo é a physis, ou o fogo primordial.

8-      Os Eleatas
       Originários da Eleia na Magna Grécia, atual Sicília- Itália.
       Princípio de que o ser é uno e dele só se pode dizer que é.

9-      Xenófanes de Colofão
       570 a. C. – 528 a. C.
       Poeta, sábio e rapsodo.
       Fundou a Escola Eleata.
       Escreveu em forma de versos.
       Crítico do senso comum.
       Ataques aos poetas Hesíodo, Homero e aos filósofos Tales, Heráclito e Epimênides.

10-   Parmênides de Eleia
       530 a. C. – 460 a. C.
       Opositor das ideias de Heráclito.
       Afirmava que o ser real é imóvel, imutável e que o movimento é uma ilusão.
       Conhecimento sensorial não é verdadeiro.
       Escreveu um poema filosófico em versos, sobre a verdade (aletheia) e a opinião (doxa).
       Descobriu o princípio da identidade, considerado condição mínima para o pensamento racional.
       Defensor do princípio da inércia e do repouso.
       Inaugurou, junto com Heráclito, o problema do ser e do devir e fez a conciliação entre o movimento e a inércia.

11-   Zenão de Eleia
       504 a. C.- ?
       Aluno e continuador de Parmênides.
       Considerado o criador da dialética: argumentação combativa ou erística.

12-   Melisso de Samos
       ?
       Difusão do seu pensamento em 444 a. C.
       Restam apenas fragmentos de sua obra.
       Suas teses são:
       1- O ser é eterno.
       2- O ser é infinito.
       3- O ser é uno.
       4- O ser é imutável.

13-   Pitagóricos
       Pitágoras teria sido o fundador de um conjunto de ideias chamado de pitagorismo.
       Afirmou que o número era a essência de tudo e a base de todo conhecimento.
       O cosmos é harmônico por ser ordenado pelos números.
       Cosmos significa organização do mundo.
       Ao lado, tela de Bronnikov: Os pitagóricos saúdam a aurora.

14-   Pitágoras de Samos
       580 a. C. – 497 a.C.
       Criador da escola Pitagórica por volta de 540 a.C.
       Estabeleceu-se da Magna Grécia.
       Fundou em Crotona uma associação mística, moral e política.
       Os números eram a base do universo e a essência de todas as coisas.
       Pitagorismo foi muito influente, porém criticado por Xenófanes, Heráclito, Parmênides e Zenão.

15-   Filolau de Crotona
       Meados do século V a. C.
       Mestre de Demócrito e Arquitas.
       Escreveu uma obra sobre o pitagorismo.
       Exerceu grande influência sobre Platão.

16-   Arquitas de Tarento
       400 a.C. 365 a. C.
       Discípulo de Filolau e amigo de Platão.
       Restam fragmentos de duas obras suas: Harmonia e Diatribes ou conversas.
       Suas obras tratam de matemática e música.
       Foi governador de Tarento por 7 vezes consecutivas.

17-   Atomistas
       Tudo o que existe é constituído por átomos, elementos mais ínfimos e etéreos da matéria, que são múltiplos em sua forma e eternos em sua duração.
       Os átomos não cessam de criar e recriar o mundo e todas as coisas.
       Existem os átomos e o vazio.
       A qualidade das coisas é sua aparência e a quantidade é real, o fundo estrito de todas as coisas.

18-   Leucipo de Mileto
       Século V a. C.
       Contemporâneo de Anaxágoras, dos sofistas e de Sócrates.
       É atribuída a sua autoria para A grande obra do mundo e Sobre o espírito.

19-   Demócrito de Abdera
       460 a. C- 370 a. C.
       Discípulo e sucesso de Leucipo.
       A teoria atomista é atribuída ao Demócrito.
       Estabeleceu a felicidade como o objetivo da vida humana.
       A fruição do belo e a contemplação do verdadeiro são as únicas coisas dignas de serem buscadas.
       Seu pensamento deu origem ao hedonismo.

20-   Pluralistas
       Interpretação do ser de modo múltiplo.
       O ponto central é o mundo e a diversidade dos seres físicos.
       Defesa da realidade constituída de elementos múltiplos e plurais.
       Acreditavam que existe um ser em si e seres que tendem a igualar o que é desigual, fixando as semelhanças e ignorando as diferenças.
       Pressupõem que não existem modelos preexistentes.
       Existência de múltiplas formas de pensar e viver.

21-   Empédocles de Agrigento
       490 a. C. – 435 a. C.
       Teoria dos quatro elementos como princípio de todas as coisas:
       Fogo, terra, água e ar.
       Transformou-se numa lenda após a sua morte.

22-   Anaxágoras de Clazômenas
       500 a. C. – 428 a. C.
       Físico, matemático, astrônomo e meteorologista.
       Residiu em Atenas e supostamente lá fundou a primeira escola de filosofia.
       Péricles foi seu protetor e discípulo.
       Mais controverso dos filósofos pré-socráticos.
       Dúvidas sobre a autoria de seus tratados.

Referência bibliográfica
       BUCKINGHAM, Will et al. O livro da filosofia. São Paulo: Globo, 2011.
       SPINOLA, Siomara Sodré. Filosofia. Leituras, conceitos e interação. São Paulo: Leya, 2013.

A CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO


Aula apresentada para as turmas da 1ª série do Ensino Médio
Professora Doutora Andreia Mendes
1-    Nossa história: uma leitura do passado.
}  Historiografia até o século XIX: estudo dos fatos e feitos de “pessoas notáveis”.
}  Nova história no século XX: conhecimento dinâmico sobre tudo e todos (as).
}  Busca pelo relativismo: entender o passado a partir dos valores e visões da época.
}  Historiadores (as): apresentam interpretações diferentes dependendo de sua cultura.
2-    Fonte histórica ou documento histórico
}  Conhecimento histórico é construído por meio:
}  Método histórico.
}  Racionalidade.
}  Argumentos baseados em evidência.
}  Evidências reveladas pelas fontes históricas.
}  Fonte histórica ou documento histórico: tudo aquilo que está marcado pela presença humana.

3-    Fontes históricas
}  Documentos escritos.
}  Discursos orais.
}  Objetos cotidianos.
}  Construções e monumentos.
}  Obras de arte.
}  Corpos preservados: múmias.

4-    O trabalho do (a) historiado (a) com as fontes
}  O (a) historiador (a) precisa interrogar o contexto das fontes.
}  Para cada fato, levanta os documentos que quer analisar.
}  Seleciona as fontes de acordo com o interesse.
}  O (a) historiador (a) usa um filtro para o passado.
}  A leitura do passado revela uma interpretação específica.
A Carta de Pero Vaz de Caminha
carta-de-pero-vaz-de-caminha.jpg

5-    Avaliando fontes históricas
}  A) Por qual razão chegou até ali?
}  B) Como foi produzida?
}  C) Por quem foi produzida?
}  D) Por que foi produzida?
}  E) Onde foi produzida?
}  F) De quem é a autoria?
}  G) É autêntica?

6-    A relação entre presente-passado
}  Distinção entre o tempo estudado e o tempo vivido.
}  Evitar o equívoco histórico: anacronismo.
}  Nunca julgar eventos passados com base nos valores e na cultura de nossa época.
}  Aplicar o relativismo antropológico: cada cultura possui a sua própria lógica.

7-    Leituras do tempo
}  História: estudo das ações humanas ao longo do tempo e em determinado espaço geográfico.
}  Maneiras diferentes de  explicar e sentir a passagem do tempo.
}  Tempo físico ou cronológico.
}  Divisões do tempo baseadas nos ciclos da natureza: Terra (dia), Sol (dia), Lua (semana).
}  Civilização Maia: calendário baseado no planeta Vênus.
8-    Periodização
}  Baseada no tempo histórico: períodos da existência humana que ocorrem eventos que fazem parte da estrutura e contextos mais amplos como política e economia.
}  Divisão de acordo com: organização social, relações de trabalho e sistemas de governo.
}  O tempo histórico não é regular, contínuo e linear.

A linha do tempo histórico
linha do tempo 2.jpg
Tempo histórico: longa, média e curta duração
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Comparando Calendários
COMPARANDO-CALENDARIOS.jpg

A contagem dos séculos
Tabela-Séc.-e-Anos.png
9-    Os calendários
}  Existem diferentes tipos de calendários: solares (cristão), lunares (judeu e muçulmano) e lunissolares.
}  Povos antigos acreditavam num tempo circular e cíclico.
}  Persas e hebreus acreditavam num tempo linear, o que influenciou os cristãos:
}  Demarcação do tempo- do nascimento de Cristo ao apocalipse.

O calendário gregoriano (cristão/ocidental)
calendário gregoriano.jpg
Calendário chinês
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10- Divisão do tempo e poder
}  Uso político da marcação do tempo:
}  Calendário gregoriano.
}  Calendário da revolução francesa.
}  O calendário é um recurso de controle, por parte dos poderosos.  Le Goff.
}  Calendário ocidental é baseado nos interesses europeus: eurocentrismo.
Calendário da Revolução Francesa
calendário da revolução francesa.jpg

Referência bibliográfica
}  VICENTINO, Cláudio. VICENTINO, Bruno. Olhares da história. Brasil e mundo. São Paulo: Scipione, 2016.





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