terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Brasil é o purgatório dos pardos


Hoje refleti sobre a invisibilidade dos pardos. Estava num centro médico em Petrópolis acompanhando meu pai para uma consulta no oftalmologista quando uma moça parda, vestindo um uniforme de empresa de terceirizados passou na nossa frente conduzindo um copo com água numa bandeja.
Cabeça erguida, mas andar vacilante, ela passou por nós e sequer nos notou. Eu que sou viciada em "bom dia" desde minha época de menor aprendiz no Banco do Brasil, tentei fazê-la olhar para nós e ela rapidamente se esquivou.
Eu não a ignoro, pois sempre que vejo um pardo em um espaço ele está ocupando uma função de assalariado. Nos restaurantes que frequento com meus sogros, as vezes sou a única parda sentada para uma refeição. Os demais estão na portaria, caixa, recepção, cozinha e atuando como babás ou garçons.
Um dos maiores estranhamentos que vivi foi em um restaurante no bairro de Ponta Negra: uma família entrou com uma babá, parda como eu, mas muito jovem. Enquanto a família almoçava tranquila, aquela moça cuidava do bebê e olhava comprido para o banquete que era servido, mas o qual ela não tinha sido convidada para aquele momento.
Não quero acusar a família de tê-la colocado numa situação de constrangimento, ela estava ali numa função de trabalho, não é mesmo? Quero só ilustrar minha preocupação com a invisibilidade que nos envolve diariamente.
Eu mesma já fui confundida como lojista, atendente de clínica, babá de meu irmão quando era pequenino e loiro, e garçonete de restaurante de beira de estrada.
O discurso de harmonia entre os grupos étnicos é pura falácia. Aqui ainda é o purgatório dos pardos.

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