Quando o mestre italiano Michelângelo Buonarroti esculpiu Davi, o representou no máximo de sua força íntima, no momento que o mesmo decide pela luta e munido de sua funda lança-se contra o gigante dos filisteus.
Esta história está narrada no livro I Samuel, do Velho Testamento e muitos ainda consideram Davi o herói dos hebreus. Davi encarnava a fragilidade da juventude com a crença num Deus capaz de cumprir a sua promessa, enquanto Golias, mesmo partilhando da mesma etnia semita do jovem Davi, era a barreira, o obstáculo para que a vontade de Javé fosse realizada em relação ao povo escolhido.
Nestes tempos difíceis, mais uma vez um jovem levanta-se contra seus irmãos, entretanto o gigante bíblico assume a feição do próprio povo judeu. A recente nação de Israel surge como Golias - voraz, impetuoso, combativo - ao jogar bombas sobre uma faixa de terra tantas vezes foco de uma disputa sem fim.
Quem é Golias? Quem é Davi? Quem encarna a força? Quem representa a fragilidade? Ao ver os tanques avançando pela Faixa de Gaza e as crianças palestinas revidando com pedras, percebe-se que há dinamicidade na história ao mesmo tempo que, a continuidade persiste. Novos atores, novos dramas, contudo as personagens ainda são as mesmas, apesar da inversão de papéis.
O desafio de Golias é impor uma nova ordem numa terra que não querem que seja partilhada. O posicionamento do mundo é olhar para aqueles que encarnam o jovem Davi e refletir em torno deste fato. Voltemos ao escultor italiano, teria ele a condição de imaginar ainda no século XVI que o pequeno pastor poderia metamorfosear-se num novo Golias? Este também é um desafio para a política internacional do século XXI.
Um comentário:
falar sobre a historia de davi e golias muito me emociona, não pelo fato da batalha em si (embora rápida), mas pelo os motivos que levam davi a enfrentar o gigante; seria interessante o israel atual rever sua historia.
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