O conhecimento: uma
introdução
O conhecimento como
característica da humanidade
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As várias espécies
animais apresentam padrões de comportamento que ordenam sua vida comunitária a
partir da herança genética ou instintiva de cada espécie.
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O homem também
desenvolveu processos de convivência e estratégias de sobrevivência,
apresentando atividades “instintivas” ao mesmo tempo que demonstra habilidades
fruto do aprendizado.
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Nem todo o
comportamento humano se desenvolve automaticamente. As crianças dependem dos
adultos e da aprendizagem para formar-se enquanto humanos, adquirindo
determinados comportamentos.
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Nos demais animais,
as características genéticas predominam. Nos homens é necessário um longo
aprendizado transmitido pelas gerações anteriores para que o mesmo possa
sobreviver e criar.
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A possibilidade de
criação de sistemas simbólicos, deu ao homem a supremacia sobre as demais
formas vivas. Através da linguagem, a
humanidade dá sentido ao mundo ao seu redor, significando suas experiências e
transmitindo suas impressões para a posteridade.
Vamos refletir?
“O
Homo sapiens é capaz de comunicar sua experiência vivida através do discurso
significativo.”
A transmissão das
capacidades e habilidades
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O homem é a única espécie que pensa, capaz de
transformar suas experiências em um discurso válido e transmiti-lo para outros
de sua espécie.
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Imagina ações e reações dentro do campo do
simbólico, recriando sentimentos e emoções mesmo quando não estimulado.
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Sendo o único ser vivo apto à apreender as
dimensões temporais, pode fazer projeções para o futuro e avaliar o passado.
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O homem estabelece uma relação de
conhecimento, avaliação, significados e domínio sobre o mundo que o cerca.
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A relação estabelecida com a natureza e a
consequente transformação do mundo
natural chamamos de cultura.
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A sociabilidade gerou-se a partir das
relações com o meio e das representações construídas que provocando modos
próprios de vida.
Para pensar juntos:
“Uma
vez que cada cultura tem suas próprias raízes, seus próprios significados e
características, todas elas são qualitativamente comparáveis. Enquanto
culturas, todas são igualmente simbólicas, fruto da capacidade criadora do
homem e adaptadas a uma vida comum em determinado espaço e tempo nesse contínuo
recriar, compartilhar e transmitir a experiência vivida e aprendida.”
As
culturas como processo
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O
conhecimento surgiu da capacidade humana de pensar o mundo e de atribuir
significado à realidade.
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Desde
a pré-história que o homem supera os obstáculos naturais de forma criativa,
modificando o meio e buscando explicações sobre si e a natureza que o cerca.
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O
desenvolvimento da capacidade simbólica e da linguagem diferenciou os primeiros
grupos humanos que, procuraram estabelecer interpretações em torno dos fatos que
os envolviam, originando novos conhecimentos.
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Cada
novo desafio posto criava-se a possibilidade de uma nova resposta, dando origem
ao trabalho, ao ritual e a tradição.
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As
culturas humanas deram respostas diferentes aos desafios impostos pelo meio
ambiente, o que foi determinado pela dinâmica cultural comum a cada grupo.
A
ciência como ramo do conhecimento
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Egito
antigo: conhecimentos de geometria elaborados a partir do controle das águas do
rio Nilo. Aplicação deste conhecimento na construção das pirâmides e templos.
Saberes ligados à crença na vida após a morte e retorno do Ka.
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Grécia
antiga: o saber como um fim em si próprio, associado à vida prática ou à solução de problemas metafísicos.
Surgimento da filosofia e da ciência. Os gregos abandonaram as explicações
míticas e a crença na interferência de
forças sobrenaturais na vida humana para uma compreensão centrada na razão, o
que propiciou o chamado milagre grego.
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A
partir da reflexão filosófica, o aparecimento de vários saberes ou disciplinas:
geometria, aritmética, astronomia, medicina.
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O
uso da razão para alcançar a verdade e o desprezo ao mito e às forças
sobrenaturais.
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Sistematização
e estudo do objeto a partir de uma perspectiva racionalista.
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Desenvolvimento
do conhecimento enquanto atividade abstrata, desligada de aplicabilidade e de
uma finalidade religiosa.
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Surgimento
do conceito de ética.
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O
homem grego era dotado da intenção pura e simples de pensar e agir sobre o
meio.
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O
pensamento filosófico envolvia uma sistematização de todos os outros campos dos
saberes, possibilitando ao homem uma nova forma de explicar o mundo e sua
relação com o mesmo.
O
conhecimento e os primeiros filósofos
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Indagações
principais dos filósofos pré-socráticos:
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Por
que as coisas existem?
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O
que é o mundo?
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Qual
a origem da natureza e quais as causas de sua transformação?
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O
que é o Ser?
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Preocupação
dos primeiros filósofos com a origem e a ordem do mundo: kosmos.
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Vamos
refletir sobre estas questões?
A
preocupação com o conhecimento
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Heráclito
de Éfeso: considerava a natureza como um fluxo perpétuo.
“Não podemos banhar-nos
duas vezes no mesmo rio, porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos
os mesmos”. p. 110.
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Diferença
entre o conhecimento obtido pelos nossos sentidos e aquele alcançado pelo nosso
pensamento.
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Parmênides
de Eléia: afirmava que pensar é dizer o que um ser é em sua identidade profunda
e permanente. Pensar e sentir são diferentes.
“(...) percebemos mudanças
impensáveis e devemos pensar identidades imutáveis”. p. 111.
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Demócrito
de Abdera: a realidade é constituída por átomos, que sendo diferentes em suas
formas, combinam-se produzindo a variedade de seres.
Sócrates
e os sofistas
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Sofistas:
“(...) não podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões subjetivas sobre
a realidade”.
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Para
os sofistas, a linguagem é o instrumento principal para o homem relacionar-se
com a realidade e com os outros homens. A linguagem é mais importante do que a
percepção e o pensamento.
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Sócrates
afirmava que a verdade pode ser conhecida, mas primeiro devemos nos afastar das
ilusões dos sentidos e das palavras ou das opiniões e alcançar a verdade pelo
pensamento.
Platão
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Introdução
na filosofia da ideia que existem várias maneiras de conhecer ou graus de
conhecimento ( com ausência do verdadeiro ou do falso).
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Segundo
Platão o conhecimento tem 4 graus: crença, opinião,raciocínio e intuição
intelectual.
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O
mito da caverna.
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Separação
radical entre o conhecimento sensível (crença e opinião) e o conhecimento
intelectual (raciocínio e intuição intelectual). Apenas este último alcança o
Ser e a verdade. O conhecimento sensível alcança as aparências das coisas.
Aristóteles
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Distingue
sete formas de conhecimento, que vão de um grau menor a um grau maior de
verdade: sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e
intuição.
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O
conhecimento é formado a partir das informações coletadas nos diferentes graus.
Defende uma continuidade entre o conhecimento sensível e o intelectual.
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O
conhecimento da intuição intelectual nos dá acesso ao conhecimento pleno da
realidade.
Princípios
gerais
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As
fontes e formas do conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória,
linguagem, raciocínio e intuição intelectual.
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Distinção
entre o conhecimento sensível e o conhecimento intelectual.
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Papel
da linguagem no conhecimento.
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Diferença
entre opinião e saber.
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Diferença
entre aparência e essência.
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Definição
dos princípios do pensamento verdadeiro: identidade, não-contradição, terceiro
excluído.
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Da
forma: do conhecimento verdadeiro: ideias, conceitos e juízos.
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Dos procedimentos para alcançar o conhecimento
verdadeiro: indução, dedução, intuição.
Vamos refletir?
“Para
os gregos, a realidade é a Natureza e dela fazem parte os humanos e as
instituições humanas. Por sua participação na Natureza, os humanos podem
conhecê-la, pois são feitos dos mesmos elementos que ela e participam da mesma
inteligência que a habita e dirige.” p. 113
Os
filósofos medievais: fé e saber
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O
problema do conhecimento foi considerado anterior à ontologia e pré-condição
para a Filosofia e as ciências.
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Idade
Média: o cristianismo rompeu com a ideia grega de participação direta e
harmoniosa entre o nosso intelecto e a verdade, nosso ser e o mundo.
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Os
filósofos cristãos fizeram a distinção entre: fé e razão, verdades reveladas e
verdades racionais, matéria e espírito, corpo e alma. Considerou o erro e a
ilusão como partes da natureza humana.
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“Os primeiros filósofos cristãos e os
medievais afirmaram que podemos conhecer a verdade, desde que a razão não
contradiga a fé e se submeta a ela no tocante às verdades últimas e
principais.”p. 114
Os
filósofos modernos
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Separação
entre fé e razão: destinadas a conhecimentos diferentes e sem qualquer relação
entre si.
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Explicar
como a alma-consciência, embora diferente dos corpos, pode conhecê-los. Este
conhecimento é possível porque a alma os representa através das ideias.
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Explicar
como a razão e o pensamento podem tornar-se mais fortes que a vontade e
controlá-la para que evite o erro.
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A
filosofia moderna começa pelo exame da capacidade humana de conhecer, pelo
entendimento ou sujeito do conhecimento.
A
razão a serviço do indivíduo e da humanidade
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A
razão esteve a serviço do homem e da sociedade desde a sociedade clássica grega
até o Império romano.
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Na
Idade Média a razão passou a ser considerada um instrumento auxiliar da fé,
sendo alguns filósofos clássicos tomados como referência para a cristandade,
principalmente Platão e Aristóteles.
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Neste
período, a fé religiosa passou a condicionar a sociedade, impondo valores e
exigindo comportamentos específicos.
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O
saber estava restrito às ordens religiosas.
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No
Renascimento, ocorreu o fenômeno do humanismo, que trouxe o homem para o centro
das preocupações e produções artísticas e científicas.
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A
partir do século XVII, a ciência teve um novo impulso, determinando grandes avanços
em torno do conhecimento das leis naturais e para a criação de um método.
Bibliografia
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática,
1995.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da
sociedade. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2006. 415p.